O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu discurso interrompido durante a abertura da "Cúpula do Futuro" das Organizações Unidas (ONU), realizada neste domingo (22). No evento, Lula enfatizou a luta pelos direitos humanos, o combate à fome e o compromisso com a crise climática.
Durante sua fala, o presidente fez críticas diretas à ONU, destacando que o Sul Global não estava sendo adequadamente representado. Apesar do corte em seu discurso, Lula não foi o único a ter suas palavras interrompidas, já que cada autoridade teve um tempo limitado de 5 minutos para se pronunciar, com o microfone sendo silenciado caso o tempo fosse excedido.
Os representantes de Serra Leoa e do Iêmen, que discursaram antes de Lula, também enfrentaram a mesma situação, com seus microfones sendo cortados. Em sua fala, Lula comentou sobre a crise da governança global, ressaltando a necessidade de transformações estruturais e mencionando os conflitos armados recentes. Ele afirmou: “A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e as mudanças climáticas escancaram as limitações das instâncias multilaterais. A maioria dos órgãos carece de autoridade e recursos para implementar suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado.”
O presidente também falou sobre a necessidade de uma governança digital inclusiva que “reduza as assimetrias de uma economia baseada em dados e mitigue o impacto de novas tecnologias, como a inteligência artificial”. Ele observou que, embora esses avanços sejam louváveis, ainda falta ambição e ousadia. Além disso, Lula criticou o Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a legitimidade do órgão diminui “cada vez que aplica padrões duplos ou se omite diante de atrocidades”. Para ele, as instituições de Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, ignoram as prioridades e necessidades do mundo em desenvolvimento.
O presidente apontou que houve pouco progresso na reforma do sistema da ONU nos últimos 20 anos, mas destacou como medidas positivas a criação da Comissão para Consolidação da Paz, em 2005, e do Conselho de Direitos Humanos, em 2006. Lula ainda alertou que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, embora sejam considerados o maior “empreendimento diplomático dos últimos anos”, estão a caminho de se tornarem o “nosso maior fracasso coletivo”. Ele enfatizou que, no ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo.
Por fim, Lula anunciou que, durante a presidência do G20, o Brasil lançará uma aliança global contra a fome e a pobreza, visando acelerar a superação desses desafios. Ele alertou que, se o ritmo atual continuar, os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e financiar a ação climática serão insuficientes para garantir a segurança do planeta. “Em parceria com o secretário-geral da ONU, António Guterres, como preparação para a COP30, vamos trabalhar por um balanço ético global, reunindo diversos setores da sociedade civil para abordar a ação climática sob a perspectiva da justiça, equidade e solidariedade”, concluiu.
Confira vídeo do discurso:
Fonte: CNN, Poder360, Agência Brasil, Redes Sociais