Foi sob forte comoção que a arqueóloga Niède Guidon, um dos nomes mais importantes da ciência e da preservação do patrimônio histórico no Brasil, foi sepultada no fim da manhã desta quinta-feira (5), no jardim de sua residência em São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí. A despedida, restrita a amigos íntimos, respeitou um dos últimos desejos expressos por ela em vida.
A cerimônia de velório, realizada no dia anterior, no Museu do Homem Americano, instituição que ela mesma idealizou e ajudou a construir, reuniu dezenas de pessoas. Entre os presentes estavam pesquisadores, lideranças culturais, representantes do poder público e moradores da região, muitos dos quais conviveram e trabalharam ao lado de Niède nas ações de escavação, pesquisa e conservação do Parque Nacional da Serra da Capivara.
O clima era de profunda reverência à trajetória de uma mulher que, mais do que cientista, foi símbolo de resistência, compromisso ambiental e luta pelo reconhecimento do patrimônio arqueológico brasileiro.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, esteve no velório e destacou o legado deixado por Guidon. “Ela fez do nosso estado um exemplo para o mundo de conservação da natureza e do patrimônio histórico da humanidade. Cabe a nós nos inspirarmos em suas lições e seguir com esse compromisso coletivo”, disse.
Niède foi sepultada no Dia do Meio Ambiente
A data do sepultamento, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, deu um significado ainda mais simbólico ao adeus. Conhecida internacionalmente por seu trabalho de proteção aos sítios pré-históricos da Serra da Capivara e pela luta contra o abandono institucional da ciência, Niède foi, ao longo de décadas, uma voz incansável em defesa do meio ambiente.
No jardim simples onde agora repousa, Niède deixa não apenas sua história, mas uma missão que se estende para além da sua presença física: preservar a memória do passado e garantir que futuras gerações possam reconhecê-la nas paisagens e nas pedras da Serra da Capivara.
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