Geral

HISTÓRIA

Museu do Piauí tem espaço dedicado à história da escravidão no Piauí

O espaço apresenta uma coleção de objetos históricos, incluindo troncos de madeira e chicotes, que eram utilizados na época da escravidão

Da Redação

Segunda - 18/11/2024 às 08:47



Foto: CCOM-PI Museu do Piauí
Museu do Piauí

O Museu do Piauí - Casa de Odilon Nunes, localizado no centro de Teresina, é um importante espaço dedicado à história e cultura afro-brasileira. O local atrai estudantes, pesquisadores e turistas de diversas cidades, estados e até de outros países. Um dos maiores destaques do museu são os instrumentos de tortura usados na Fazenda Serra Negra, em Aroazes (PI), durante o período da escravidão, principalmente entre 1722 e 1741. Essas peças chamam atenção e fazem os visitantes refletirem.

Entre os objetos expostos, estão troncos de madeira usados para aprisionar e castigar os escravizados. Um dos troncos podia prender até quatro pessoas ao mesmo tempo. Também há um ferro de marca usado para marcar os escravizados, com as iniciais "J. do. B.", que indicavam o nome do proprietário da fazenda. Outro item impactante é um chicote de ferro trançado, utilizado pelos feitores para castigar os escravos. Além disso, é possível ver uma gargantilha de ferro com sino, usada para punir aqueles que tentavam fugir.

O historiador do Museu do Piauí, Gilvan Oliveira, explica que, apesar de os instrumentos de tortura não fazerem parte da cultura afro, eles são uma parte da história que não pode ser esquecida. “É uma história que precisa ser conhecida e refletida por todos, para podermos entender o sofrimento dos escravizados no Piauí”, diz Oliveira.

Além desses objetos de sofrimento, o espaço também conta com pinturas que celebram a cultura afro-brasileira e uma exposição fotográfica que mostra os traços étnicos da população negra no estado. O museu ainda guarda potes e telhas do século XIX, que lembram o trabalho artesanal feito pelos escravizados.

Há também um espaço dedicado à memória de Júlio Romão da Silva, um importante escritor piauiense, negro e membro da Academia Piauiense de Letras, que se dedicou a estudar a temática afro no estado. O museu também faz referência às comunidades quilombolas do Piauí, como Olho d'Água dos Negros, Marinheiro do Mimbó, Potes, Salinas e Queimada Nova.

O professor Rafael Costa e Araújo, do Núcleo de Atendimento a Altas Habilidades e Superdotação (NAAH-S) da Secretaria de Educação, levou um grupo de alunos para conhecer o museu e o Espaço Afro. Para ele, a visita é uma chance de enriquecer o conhecimento cultural dos estudantes. “Às vezes, ficamos apenas com o conhecimento teórico, mas não sabemos como era na prática. Ao ver esses instrumentos de tortura, entendemos melhor a crueldade da época. O chicote de ferro, por exemplo, cortava a pele e nos faz ver o quanto esses castigos eram desumanos”, destaca Araújo.

A visita ao Espaço Afro do Museu do Piauí oferece uma reflexão profunda sobre o sofrimento dos escravizados e a importância de preservar essa memória para as gerações futuras.

Fonte: CCOM/PI

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: