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JUSTIÇA

Mulher entra na Justiça na Bahia após empresa negar licença-maternidade por bebê reborn

Na ação, a mulher afirma que desenvolveu "legítimo afeto" e um "profundo vínculo materno"

Da Redação

Quinta - 29/05/2025 às 11:55



Foto: Divulgação Bonecas Reborn imitam um bebê real
Bonecas Reborn imitam um bebê real

Uma recepcionista de Salvador, que trabalhava desde 2020 em uma empresa não identificada, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho após ter sido negado seu pedido de licença-maternidade para cuidar de um bebê reborn — boneca hiper-realista que imita um recém-nascido. 

Na ação, a mulher afirma que desenvolveu "legítimo afeto" e um "profundo vínculo materno" com a boneca, batizada de Olívia de Campos Leite. Segundo a defesa, embora o bebê reborn "não tenha sido gestado biologicamente", representa "o mesmo investimento psíquico e o mesmo comprometimento afetivo que toda maternidade envolve".

O processo pede, entre outros pontos, a rescisão indireta do contrato de trabalho, pagamento retroativo do salário-família, além de uma indenização de R$ 10 mil por danos morais. A funcionária alega ter sido alvo de humilhações por parte da empresa, que teria se recusado a reconhecer o vínculo afetivo com o bebê reborn.Segundo o relato, após protocolar o pedido de licença, a trabalhadora foi ridicularizada por colegas e superiores. “A empresa passou a constranger a Reclamante diante de colegas, dizendo que ‘precisava de psiquiatra, não de benefício’”, afirma a petição judicial. 

A defesa sustenta que houve "grave abalo à saúde mental e dignidade" da autora.A ação judicial também invoca o direito ao livre desenvolvimento da personalidade, previsto na Constituição Federal, para defender a legitimidade de novas formas de maternidade.

"A maternidade não é apenas biologia. É principalmente afeto, responsabilidade, cuidado", afirma a defesa, que cita ainda o reconhecimento jurídico da maternidade socioafetiva no Brasil.Além disso, os advogados ressaltam que a mulher "cuida, vela, embala e protege" sua filha reborn, tratando-a como um bebê real. "Ela cuidou, protegeu e assumiu papel materno integral em relação ao bebê reborn, enfrentando inclusive discriminação social e institucional por sua condição, que é real, emocional e digna", acrescenta a ação.

O caso chama atenção não apenas pelo ineditismo do pedido judicial, mas também pela crescente popularidade dos bebês reborn no Brasil. Esses bonecos hiper-realistas, que podem chegar a custar milhares de reais, são procurados por colecionadores e também por pessoas que buscam suprir carências afetivas. O mercado gira em torno de cifras expressivas, com algumas “maternidades” especializadas faturando até R$ 40 mil por mês.Ainda não há decisão da Justiça sobre o caso, que levanta debates sobre os limites legais do afeto e as novas formas de parentalidade no mundo contemporâneo.

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Fonte: Brasil 247

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