
Teresina (PI) – Em entrevista ao jornalista Luiz Brandão, no estúdio do portal Piauí Hoje, o chefe geral da Embrapa Meio Norte, Anísio Ferreira Lima Neto, destacou as iniciativas da instituição para fortalecer a segurança alimentar, promover a sustentabilidade e enfrentar os desafios do agronegócio no Piauí. Com projetos como o Sisteminha Embrapa e a integração lavoura-pecuária-floresta, a Embrapa tem contribuído para reduzir o desemprego rural e aumentar a produtividade no estado.
Sisteminha Embrapa: segurança alimentar em pequenas propriedades - O Sisteminha Embrapa é uma das iniciativas mais inovadoras da instituição. Em uma área de apenas 200 metros quadrados, famílias rurais podem produzir proteína animal (como galinhas caipiras e cabras), hortaliças, leguminosas (como feijão) e fruteiras (como mamão, maracujá e acerola). "Com o cultivo escalonado de milho, é possível colher 52 espigas por semana, garantindo alimentação balanceada e renda para as famílias", explicou Anísio Lima.
Esse sistema tem sido fundamental para fortalecer a segurança alimentar no Piauí, onde 197.000 dos 245.000 estabelecimentos rurais são da agricultura familiar, segundo dados da Embrapa. "Quase um terço da população piauiense depende diretamente da agricultura familiar", ressaltou Anísio Lima.
Integração lavoura-pecuária-floresta: quatro safras por ano - A Embrapa também tem promovido a integração lavoura-pecuária-floresta, um sistema que permite até quatro safras anuais: três de grãos, uma de pasto e uma de gado. "Esse modelo aumenta a produtividade e reduz a necessidade de desmatamento, contribuindo para a preservação ambiental", afirmou Anísio Lima.
No Cerrado, região que antes era considerada improdutiva, a Embrapa transformou a realidade agrícola. "Hoje, o Cerrado é um dos principais polos de produção de grãos e carne do país", destacou.
Desafios financeiros e parcerias estratégicas - Anísio Lima reconheceu que a Embrapa enfrenta desafios financeiros, assim como outras instituições públicas no Brasil. "A redução de investimentos em pesquisa afetou nosso custeio, mas continuamos buscando parcerias para manter nossos projetos", disse.
A instituição tem contado com o apoio de parlamentares, como o deputado Merlong Solano e o senador Júlio César, além de parcerias com prefeituras, institutos tecnológicos e associações de produtores. "Essas colaborações são essenciais para transferir conhecimento técnico e ampliar o impacto de nossas pesquisas", afirmou.
Combate à inflação dos alimentos - Diante do aumento dos preços dos alimentos, a Embrapa tem trabalhado em soluções para aumentar a produtividade e reduzir custos. "A alta do dólar e os insumos caros são desafios, mas a tecnologia pode ajudar a equilibrar o mercado", explicou Anísio Lima.
Programas como o Desenrola, promovido pelo Banco do Nordeste, têm sido aliados nessa missão. "Essas iniciativas ajudam a liberar crédito para produtores, incentivando o aumento da produção e a redução dos preços", destacou.
Pesquisas com plantas forrageiras e cultivos alternativos - A Embrapa também investe em pesquisas com plantas forrageiras, como a moringa, a leucena e o **feijão-guandu**, que são alternativas viáveis para alimentação animal e enriquecimento do solo. "Essas plantas são adaptadas ao semiárido e têm alto potencial produtivo", afirmou Anísio Lima.
Outro destaque é o feijão-mungo, cultivado na Índia e que está sendo adaptado ao Piauí. "A primeira cultivar brasileira será lançada ainda este ano, fruto do trabalho de melhoramento genético da Embrapa", anunciou.
Um futuro sustentável para o Piauí - Com 50 anos de atuação, a Embrapa Meio Norte continua sendo uma peça-chave no desenvolvimento do agronegócio piauiense. "Nossa missão é conciliar produtividade, sustentabilidade e inclusão social, garantindo um futuro melhor para as famílias rurais e para o meio ambiente", concluiu Anísio Lima.