
Nos últimos anos, a relação entre humanos e animais de estimação tem passado por uma transformação significativa. Cães, gatos e até animais menos convencionais, como ratos, estão cada vez mais ocupando um lugar especial nos lares, sendo tratados com o mesmo cuidado e atenção que antes eram reservados apenas aos filhos. Esse comportamento reflete mudanças sociais, emocionais e econômicas que influenciam a forma como as pessoas se relacionam com seus pets.
Mudança no conceito de família
O conceito de família tem se expandido. Com novas dinâmicas sociais, como o aumento do número de pessoas que vivem sozinhas, casais sem filhos e mudanças na estrutura familiar tradicional, os animais tornam-se uma fonte de afeto e companhia. Para muitos, um pet não é apenas um companheiro, mas um verdadeiro membro da casa, com espaço garantido nas rotinas diárias.
O gato Pirulito foi encontrado na rua com poucos dias de vida. É arteiro e preguiçoso. Foto: Arquivo pessoal
Esse é o caso das irmãs Raquel e Greci Sousa, que encontraram nos gatos uma forma de fortalecer seus laços familiares e superar um momento difícil.
"O que me motivou, e acredito que motivou minha família inteira a criar pets, foi a perda da nossa mãe, porque ela era apaixonada por gatos. Acho que foi onde encontramos forças para superar. Eu tenho dois gatos, o Paçoca e o Pirulito, e os trato como filhos. É um amor incondicional. Procuro dar sempre o melhor para eles, desde carinho até alimentação balanceada e cuidados veterinários. Sempre que percebo algo diferente neles, já os levo ao veterinário, como se fossem crianças que precisam de atenção constante", relata a gerente de loja Raquel Sousa.
O gato Paçoca dorme na cama da tutora todos os dias. Foto: Arquivo Pessoal
A professora Greci compartilha do mesmo sentimento e reforça como os pets se tornaram parte essencial de sua vida.
"Minha sobrinha me incentivou a adotar uma gata que estava abandonada, e foi nesse momento que minha Pipoca entrou na minha vida. Foi um período difícil para mim, após a perda da nossa mãe, e ela trouxe alegria para nossa casa. Eu e minha sobrinha passamos o dia trocando fotos e vídeos dela", conta.
O lugar favorito de Pipoca é no colo da tutora Greci. Foto: Arquivo pessoal
Além do carinho, Greci se preocupa com os cuidados diários.
"Todos os dias, quando chego do trabalho, tiro um momento só nosso para dar atenção e trocar carinho. Também fico sempre atenta à alimentação, às vacinas e às consultas regulares, observando se ela está bem, se está se alimentando direito. O cuidado com os pets precisa ser constante", reforça.
Aspecto emocional e benefícios psicológicos
Os laços afetivos entre humanos e animais têm base científica. Pesquisas mostram que a convivência com pets reduz o estresse, melhora a saúde mental e até auxilia no combate à depressão e à ansiedade. A interação diária libera hormônios ligados ao bem-estar, como a ocitocina, reforçando o vínculo entre dono e animal.
Além disso, cães e gatos, por exemplo, trazem uma rotina estruturada, pois necessitam de alimentação em horários regulares, passeios e cuidados constantes. Essa organização pode ser especialmente benéfica para quem vive sozinho ou tem um cotidiano mais isolado.
"Saber que eles estão me esperando na porta quando chego em casa não tem preço. O que transmito para eles, eles me devolvem. São carinhosos e amorosos, e isso me motiva a cuidar cada dia melhor, sempre buscando proporcionar a eles uma vida feliz", diz Raquel.
Impacto na sociedade e na economia
Com a crescente humanização dos pets, novos setores da economia surgiram para atender a essa demanda. Hotéis para animais, creches especializadas, pet shops com serviços personalizados e até profissionais como fisioterapeutas e nutricionistas para cães e gatos são cada vez mais comuns.
A legislação também acompanha essa mudança. Muitos lugares passaram a aceitar animais em estabelecimentos comerciais e espaços públicos, enquanto algumas empresas adotam políticas pet friendly, permitindo que funcionários levem seus bichos para o trabalho.
O papel dos animais de estimação na vida das pessoas não é mais o mesmo de décadas atrás. Se antes os pets eram vistos apenas como companhia, hoje ocupam um espaço afetivo e social muito maior. A tendência da humanização dos animais segue em expansão, impulsionada pelo impacto emocional positivo que proporcionam e pelo crescimento do setor pet, que continua a inovar para atender esse público cada vez mais exigente.
(*) Sol Castelo Branco é estagiária sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI -960