Parece um grande absurdo, mas segundo os relógios da violência do Instituto Maria da Penha, a cada 1 segundo uma mulher é assediada no Brasil. Cristiana Oliveira não foge à regra e também foi vítima de um caso de assédio sexual, mas com um agravante: ela tinha apenas 10 anos de idade quando um homem que ela julgava ser quase que de sua família abusou de sua inocência.
“Eu ia muito à praia, em Ipanema, na frente de casa, e tinha um senhor que fazia castelos de areia. Eu achava um máximo, sempre fui muito comunicativa, sagitariana e gostava muito dele. Era como se fosse um pai ou um tio. Até que um dia ele me agarrou, enfiou a língua na minha boca, começou a me agarrar e fiquei apavorada com aquilo”, lembra com muita tristeza. A atriz conta que narrou seu episódio de horror para a mãe que, na época, pensou que a filha tivesse sonhado com aquilo tudo.
“Minha mãe viveu 70 anos com meu pai, o único homem dela, e viveu como uma rainha dentro de casa. Ela não sabia que isso poderia acontecer, seja um assédio ou uma pedofilia. Temos de nos manifestar cada vez mais porque isso acontece todos os dias. Os índices de feminicídio e violência doméstica no Brasil são preocupantes. É muito importante ouvir uma mulher que sofre isso e tem coragem de falar.
Graças a Deus que muitas mulheres tiveram suas vozes escutadas e outra vieram atrás. Isso é algo que existe há muito tempo, mas hoje temos a imprensa e a internet do nosso lado e podemos explanar, vendo cada vez mais mulheres saindo de suas tocas para se manifestarem”, diz.
Cristiana ainda comemora que as mulheres tenham mais acesso à informação e orientação para reconhecer todo o poder que sempre tiveram. Ela salienta que elas vêm sofrendo opressão por centenas de anos e completa que sua geração foi educada para ser subserviente e estar abaixo do homem.
“É como se nosso trabalho tivesse como remuneração o sustento do provedor. Agora temos como lutar com todas as ferramentas para por este poder pra fora. A mulher tem toda a capacidade para estar no mercado de trabalho, liderando empresas. Claro que esta não é uma total realidade. Como mães, temos uma rejeição das empresas por ficarmos grávidas e tirarmos licença para este momento. A gente ainda não está num patamar igualitário, mas está aumentando.” Ela finaliza seu discurso exaltando o trabalho da mídia que tem ajudado no exercício do poder feminino.
“É a mídia que nos dá mais voz. Acho que tem de existir um trabalho de autoconhecimento e de reponsabilidade por nossas escolhas. Se a mulher é poderosa dentro de casa para cuidar dos filhos, da casa, administrando tudo por uma escolha, eu acho muito válido. Não deixa de ser um poder”, se empodera.
Fonte: Marie Clarie