
Entre análises sobre a estreia de Carlo Ancelotti no comando da Seleção e a expectativa pelo reencontro com o Equador pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, o clima era de tensão e esperança. Afinal, era a primeira chance de ver em campo, sob nova direção, uma equipe que vem oscilando mais do que o esperado em campo por uma vaga na competição mundial de futebol.
E o saldo, ao final dos 90 minutos + 4 minutos de acréscimo, foi um empate morno em 0 a 0 que, embora garanta a manutenção do Brasil no grupo de classificação direta do G6, também acende um alerta de perigo sobre a produção ofensiva da equipe.
Jogo
Com a arquibancada dominada por torcedores equatorianos, já que o jogo foi realizado em Quito, capital do Equador, o Brasil entrou em campo priorizando a defesa e buscando reagir aos avanços da seleção adversária. A estratégia refletiu a cautela do novo técnico, que teve apenas três dias para trabalhar no grupo.
"Falei que foi o melhor treinador que eu pude trabalhar e ter a oportunidade de trabalhar na seleção brasileira, não tem coisa melhor. Claro que ele não teve tempo ainda de mostrar o seu trabalho, o seu plano de jogo, porque foram só dois ou três dias de treinamento", comentou Vinicius Jr em coletiva após o jogo.
Defesa sólida, ataque travado
Se por um lado o setor ofensivo não engrenou, o Brasil chegou com perigo algumas vezes, mas sempre esbarrando no “quase”, a retaguarda brasileira funcionou com precisão. Destaques para o volante Casemiro, que comandou a marcação no meio-campo, e para o goleiro Alisson, seguro nas defesas e essencial para segurar o placar.
As estatísticas do confronto entre as seleções continuam favoráveis ao Brasil, já que nos 37 encontros entre os dois times, foram 28 vitórias brasileiras, 7 empates e apenas 2 vitórias equatorianas. O último triunfo do Equador ocorreu há mais de duas décadas, e essa conta permanece.
Substituições e estreias
Ancelotti iniciou o jogo com Vinícius Jr, Richarlison e Estevão no ataque; Gerson, Casemiro e Bruno Guimarães no meio; Alex Sandro, Marquinhos, Vanderson e Alisson completaram o time titular. No segundo tempo, promoveu duas mudanças: Richarlison deu lugar a Matheus Cunha, enquanto Estevão foi substituído por Martinelli, na tentativa de dar mais velocidade e inteligência ao ataque.
Matheus Cunha até conseguiu criar mais espaços, mas o último passe e as finalizações não surtiram efeito. O zero no placar refletiu a dificuldade de criação da equipe e a consistência defensiva do adversário, hoje vice-líder da tabela.
Classificação
Com o empate, o Brasil chega a 22 pontos e segue na quarta colocação, ainda permanece na zona de possibilidades de classificação direta para a Copa. Abaixo das seleções Argentina, Equador e Paraguai, cada uma com, respectivamente, 32 e 24 pontos, ainda jogam nesta rodada e podem ultrapassar a Seleção dependendo dos resultados.
O Equador, com 24 pontos, fica como vice-líder e ameaça o topo ocupado pela Argentina. Já o Brasil, mesmo sem perder, vê a distância para o sexto colocado diminuir e pode acabar na zona de repescagem se tropeçar nas próximas partidas.
Próximo desafio
Na próxima terça-feira (10), a Seleção volta a campo contra o Paraguai, na Neo Química Arena, em São Paulo. O duelo pode ser decisivo para garantir com mais tranquilidade a vaga direta no Mundial.
A torcida já mostrou apoio: o primeiro lote de ingressos para o jogo foi esgotado rapidamente. Vini Jr reconheceu o entusiasmo da arquibancada brasileira:
“A gente vai com força máxima, porque jogar em casa é sempre bom jogar em São Paulo. Faz tempo que a seleção não joga lá e eu estou feliz de poder encontrar amigos, família e o povo brasileiro. Espero que possa ser com a vitória, que eles merecem tanto”, afirmou o camisa 7.
Carlo Ancelotti não teve tempo de implementar seu estilo, mas conseguiu algo essencial para um início: evitar uma derrota. O sistema defensivo respondeu bem, e o equilíbrio emocional do time em campo também foi perceptível. Faltou, no entanto, criatividade e ousadia no setor ofensivo.
O torcedor que esperava um espetáculo talvez tenha se frustrado, mas o saldo é de que a Seleção ainda depende apenas de si para se classificar. Ancelotti terá agora mais alguns dias para ajustar a equipe antes do próximo teste em solo brasileiro, onde a cobrança será ainda maior.
Brasil x Paraguai
- Terça-feira, 10 de junho
- Neo Química Arena, São Paulo
- Horário: 21h30m
(*) Isaac da Silva é estagiário sob a supervisão do jornalista Luiz Brandão DRT/PI - 980.