
A previsão para os próximos meses é a de que o Piauí pode enfrentar uma das secas mais severas dos últimos anos. Segundo o climatologista Werton Costa, diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil, a temporada de chuvas de 2024 foi marcada por irregularidades temporais e espaciais, o que resultou em baixos níveis de água em reservatórios e perdas significativas na agricultura e pecuária.
Em entrevista ao podcast Piauí Hoje, ele explicou o que aconteceu. “As chuvas se concentraram em algumas regiões específicas e, ao longo do tempo, houve longos períodos de veranico, com interrupções na precipitação”, explicou Werton. Esse cenário já provocou estiagem em diversas áreas e deve se agravar com o aumento das temperaturas a partir de agosto, durante o conhecido período B-R-O BRÓ.
O climatologista observa que a situação é ainda mais grave considerando a combinação entre seca e queimadas, o que representa uma grande ameaça para o meio ambiente, a economia rural e a saúde pública. “Municípios dos territórios da Serra da Capivara, Vale do Itaim e Vale do Canidé já estão em estado de alerta, com impactos diretos sobre comunidades que dependem da agricultura de subsistência e da criação de animais”.
Werton explica que a situação atual é semelhante ao que ocorreu nos anos de 2012 e 2016, quando estiagens severas afetaram drasticamente a economia do estado.
Governo antecipa ações para enfrentar seca
Diante das previsões climáticas nada animadoras, o Governo do Estado formou um gabinete de crise ainda no mês de fevereiro, reunindo Defesa Civil, Seplan, Semarh, Sesapi e outras secretarias. “O governador Rafael Fonteles orientou uma atuação de forma integrada para mitigar os impactos sobre a população mais vulnerável. Uma das principais iniciativas é o programa Água é Vida, que reúne diversas secretarias em ações coordenadas voltadas ao combate à insegurança hídrica e alimentar”, explicou o climatologista.
Segundo ele, o diferencial da atual gestão está no uso de dados científicos e na antecipação de estratégias. Entre as ações em andamento, estão perfuração de poços, implantação de sistemas de dessalinização, distribuição de insumos para pequenos criadores, entrega de cestas básicas e construção de cisternas. “O programa também valoriza práticas de convivência com o semiárido, como o uso de espécies agrícolas mais adaptadas à seca”, acrescenta.
A capacitação de gestores municipais para acessar recursos federais e gerenciar riscos também é uma prioridade. “Hoje temos plataformas que permitem aos municípios buscar apoio diretamente, mas muitos não sabiam como usá-las. O Estado promoveu a maior capacitação de defesa civil da sua história”, explicou Werton.
Além das ações institucionais, o climatologista destaca o papel da sociedade na preservação ambiental e prevenção de desastres. “Sem engajamento popular, nenhuma política pública é eficaz. É preciso evitar queimadas, plantar árvores, cuidar do lixo e cobrar ações responsáveis dos gestores”, destacou.
Confira a entrevista completa: