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DITADURA NUNCA MAIS

Memorial da Resistência, no Centro Artesanal, será construído ainda em 2025

Projeto enfrenta burocracia porque o prédio é tombado. Os recursos estão garantidos e a construção deve começar em agosto

Por Luiz Brandão

Domingo - 02/03/2025 às 10:57



Foto: Divulgação Porão da Ditadura no centro Artesanal Mestre Dezinho
Porão da Ditadura no centro Artesanal Mestre Dezinho

A construção do "Memorial da Resistência e Democracia", no Centro Artesanal, localizado em um prédio tombado, tem enfrentado uma série de desafios burocráticos, apesar de contar com recursos garantidos pelo governo do Estado. A Secretaria de Cultura (SECULT) informou que não há necessidade de emendas parlamentares para financiar o projeto, uma vez que o governador já assegurou os recursos necessários. No entanto, a complexidade das reformas em um patrimônio histórico tem retardado o início das obras.  

O ex-vereador Pedro Laurentino, presidente da Unidade Popular no Piauí, um dos defensores da construção do memorial, tem cobrado insistentemente a construção da obras às autoridades do estado.

Pedro Laurentino presidente da Unidade Popular no Piauí O professor Marcelino Fonteles, outro defensor do memorial, explica que, de acordo com informações obtidas junto à SECULT, o prédio do Centro Artesanal, por ser tombado, exige aprovações específicas para qualquer intervenção ou instalação de novos equipamentos. 

Um conselho responsável por essas decisões, que estava desativado, foi reativado exclusivamente para analisar o projeto do memorial. A previsão é que a aprovação final seja concluída ainda neste mês de março, com o início da construção marcado para agosto. A expectativa é que a obra seja finalizada ainda em 2025.  

A demora no processo tem gerado críticas por parte da população e de representantes políticos. O deputado federal Merlong Solano chegou a se disponibilizar para destinar uma emenda parlamentar ao projeto, mas foi informado de que os recursos já estão garantidos. Apesar disso, a morosidade na adaptação do projeto ao local e a necessidade de superar entraves burocráticos têm sido apontadas como principais obstáculos.  

Comparando com outros projetos semelhantes em prédios tombados, a média de tempo entre a aprovação e o início das obras costuma variar entre 6 e 12 meses. No caso do memorial no Centro Artesanal, o processo já ultrapassa esse período, o que reforça as críticas sobre a eficiência na gestão de obras públicas.  

O memorial no Centro Artesanal segue um padrão semelhante ao de outros memoriais construídos em prédios tombados, como o Memorial da Resistência em São Paulo, que levou 18 meses para ser concluído após o início das obras.  

A construção do memorial no Centro Artesanal representa um avanço cultural importante, mas a demora no processo burocrático tem sido alvo de críticas. Com a previsão de início das obras para agosto e conclusão ainda em 2025, a expectativa é que o projeto finalmente saia do papel e se torne um marco para a preservação da história e da cultura local.

Segundo levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 70% das reformas em prédios tombados enfrentam atrasos superiores a 6 meses devido a burocracias. Em 2024, apenas 30% das obras em patrimônios históricos no país foram concluídas dentro do prazo inicialmente previsto.

Nesse porão, no Centro Artesanal Mestre Dezinho, antigo QCG da Polícia Militar do Piauí, piauienses foram torturados durante a ditadura militar.

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