
O período mais quente do ano no Piauí, também chamado de B-R-O bró deve começar com antecedência, o que pode aumentar o risco de uma onda de calor nunca antes verificada no estado. O alerta sobre a ocorrência de temperaturas ainda mais extremas foi dado pelo climatologista Werton Costa, diretor de prevenção e mitigação da Defesa Civil do Estado. Ele concedeu entrevista ao podcast Piauí Hoje, apresentado pelos jornalistas Luiz Brandão e Malu Barreto.
“Já temos cidades cravando de 3 a 4 graus acima da média. Se a previsão se confirmar, em agosto podemos ultrapassar os 40 °C”, afirmou Werton. A Defesa Civil, segundo ele, está pronta para emitir um alerta severo de altíssimo risco, especialmente em casos de temperatura 5 °C acima da média, critério que define oficialmente uma onda de calor.
Segundo ele, há outro fator preocupante. “Estamos observando uma antecipação de cerca de um mês na estiagem. Tudo começou mais cedo. Isso aumenta o risco de hipertermia, uma elevação perigosa da temperatura corporal, que é uma ameaça real, especialmente para idosos, crianças e pessoas com outras complicações de saúde”, disse o climatologista, que recomenda hidratação constante, uso de roupas leves e proteção contra o sol.
Ainda que o período chuvoso tenha encerrado oficialmente no final de maio, Werton ressaltou que há chance de chuvas esporádicas na região entre o litoral e o município de Esperantina durante o mês de julho. No entanto, não se deve esperar grandes temporais ou mudanças significativas no clima da capital.
O climatologista informa que a Defesa Civil tem articulado ações preventivas com a Secretaria Estadual de Saúde para preparar a população. “O alerta é para beber muita água, andar pela sombra sempre que possível e adotar cuidados com a exposição solar. O calor extremo afeta diretamente a saúde e exige atenção redobrada”, reforçou o diretor.
Brasil enfrenta sucessivas ondas de calor em 2025
Em 2025, o Brasil já enfrentou cinco ondas de calor, com temperaturas atingindo até 43,8°C em Quaraí, no Rio Grande do Sul, no início de fevereiro. Essas ondas de calor têm sido atribuídas a bloqueios atmosféricos que impedem a entrada de frentes frias, mantendo o ar quente retido sobre o país. As regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul foram as mais afetadas, com temperaturas acima da média e potencial para estabelecer novos recordes históricos.
Em fevereiro de 2025, um homem de 58 anos morreu em Joinville, Santa Catarina, devido ao calor extremo que atingiu a região. Um estudo publicado na revista Science Advances revelou que 75% das mortes relacionadas ao calor ocorrem entre pessoas com menos de 35 anos, especialmente jovens adultos que trabalham ao ar livre ou praticam atividades físicas intensas.
As ondas de calor também têm agravado problemas de saúde em grupos vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças crônicas, aumentando os riscos de desidratação, insolação e complicações cardiovasculares.
Europa registra temperaturas recordes e se prepara para mais calor
Na Europa, especialmente na Península Ibérica, as temperaturas têm atingido níveis históricos. Em maio de 2025, a Espanha registrou o mês de maio mais quente desde 1941, com temperaturas médias máximas de 32,19°C. Cidades como Sevilla enfrentaram sete dias consecutivos com temperaturas superiores a 40°C, algo sem precedentes para o mês. Além disso, meteorologistas alertam para uma onda de calor extremamente intensa que afetará Portugal, Espanha e outras regiões da Europa, com temperaturas podendo ultrapassar os 40°C.
As ondas de calor têm causado um aumento significativo na mortalidade. Estudos indicam que, sem medidas eficazes para conter as mudanças climáticas, o número de mortes relacionadas ao calor pode triplicar até o final do século, atingindo cerca de 128.809 óbitos anuais. A Espanha, em particular, é apontada como um dos países mais afetados, com projeções de até 390.000 mortes adicionais por calor até 2050.
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