O deputado Clodovil Hernandes (PR-SP) morreu nesta terça-feira, aos 71 anos, após sofrer uma parada cardíaca às 18h50. A morte cerebral do parlamentar já havia sido confirmada às 16 horas em boletim divulgado pelo Hospital Santa Lúcia, em Brasília, em consequência de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido na segunda-feira. O velório será nesta quarta-feira (18), às 11 horas, na Assembleia Legislativa de São Paulo.Após a morte cerebral de Clodovil, uma equipe médica estava analisando a possibilidade de doação do coração, fígado, córneas e rins do deputado. No entanto, com a parada cardíaca, a doação de órgãos ficou impossibilitada, com exceção das córneas, que podem ser aproveitadas mesmo depois que o coração para de funcionar. O procedimento havia sido autorizado por assessores, já que o deputado não tinha contato com nenhum familiar, e pela Promotoria de Justiça do Distrito Federal.Embora inicialmente tenha sido cogitada a realização de um velório no Salão Negro do Congresso na noite desta terça-feira, ficou decidido, após uma reunião do líder do PR, deputado Sandro Mabel (GO), com a assessoria do deputado, que o corpo será velado apenas em São Paulo. Um avião da Aeronáutica solicitado pela Câmara segue para a capital paulista às 8 horas desta quarta com o corpo. O enterro deverá ocorrer no final da tarde, no cemitério do Morumbi.AVCO parlamentar foi encontrado caído às 7 horas de segunda-feira em sua casa, em Brasília, e socorrido por uma equipe do Departamento Médico da Câmara. No hospital, os médicos fizeram drenagem de sangue de seu cérebro por meio de um cateter.O estado de saúde do deputado havia se agravado, ainda na segunda-feira, em razão de uma parada cardiorrespiratória de cinco minutos. Ele estava em coma profundo, de nível três, o mais grave. Clodovil já havia sofrido um AVC em 2007.Quem assume seu lugar na Câmara é Jairo Paes Lira, do PTC de São Paulo.PERFIL Clodovil Hernandes estava em seu primeiro mandato na Câmara. Um dos principais nomes da alta costura no Brasil, ele atuou como estilista por mais de 40 anos. Iniciou sua vida política em 2005, quando se filiou ao PTC, e concorreu no ano seguinte às eleições para deputado federal em São Paulo. Ele disse que resolveu se candidatar ao ter um "insight", depois de ficar sabendo que estava com câncer na próstata. Foi eleito com 493.951 votos - terceira maior votação no estado - e chegou à Câmara prometendo respeitar as milhares de pessoas que votaram nele. No dia da posse, em 1º de fevereiro de 2007, Clodovil compareceu trajando um terno branco de algodão com um brasão da República bordado no bolso e portando uma bengala de madeira com entalhes. A mesma preocupação com a aparência ele demonstrou em relação ao seu gabinete: fez uma reforma com recursos próprios e uma festa de inauguração. O destaque da decoração era uma cobra naja de metal, apelidada de "Marta", que servia de base de apoio para sua mesa.Polêmico como comunicador, Clodovil também marcou sua curta trajetória política pela polêmica. Em 2007, criticou as mulheres contemporâneas. As declarações, consideradas ofensivas pela bancada feminina, geraram uma representação contra o deputado. Durante a coleta de assinaturas, o deputado teria ofendido Cida Diogo (PT-RJ), que também apresentou ação contra ele. Posteriormente, Clodovil divulgou nota pedindo desculpas às mulheres.Atuação parlamentarEm pouco mais de dois anos na Câmara, Clodovil foi titular das comissões de Direitos Humanos e Minorias; de Educação e Cultura; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Apresentou 55 propostas. Com atuação diversificada, seus projetos iam desde assuntos relativos a infraestrutura, como o funcionamento de portos, até a regulamentação de reajuste de tarifas e controle de produtos para crianças.Em dezembro do ano passado, viu uma de suas propostas ser aprovada pela Casa: o Projeto de Lei 206/07, que autoriza o enteado a adotar o nome de família do padrasto. O projeto foi aprovado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e está atualmente no Senado.Também de sua autoria, foi aprovado em julho de 2008, pela Comissão de Seguridade Social e Família, o PL 2374/07, que inclui entre os exames que devem ser oferecidos ao trabalhador, por conta do empregador, o exame de próstata para homens a partir dos 40 anos. Essa proposta, que também tramita em caráter conclusivo, ainda tem de ser examinada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.Clodovil apresentou ainda, entre outras propostas, a PEC 280/08, que diminui o número de deputados federais dos atuais 513 representantes para 250. O texto determina que cada estado terá, no mínimo, quatro representantes e, no máximo 35. A PEC ainda precisa passar pelo exame de admissibilidade na CCJ. Ele é autor também do Projeto de Decreto Legislativo 1349/08, que estabelece a realização de um plebiscito para que os brasileiros respondam se são a favor ou contra a redução do número de deputados.O deputado foi autor de um projeto (PL 580/07) regulamentando a união civil de pessoas do mesmo sexo. Filho adotivo, propôs que fosse criado o Dia da Mãe Adotiva (PL 991/07). Também apresentou o PL 217/07, que obriga o Estado a dar tratamento médico e psicológico imediato às vítimas de violência sexual.Na semana passada, Clodovil foi absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da acusação de infidelidade partidária. Ele trocou o PTC pelo PR em 2007, e seu antigo partido queria o mandato de volta. O relator do processo, ministro Arnaldo Versiani, considerou que Clodovil sofreu perseguição pessoal no PTC, o que justificava sua saída.Problemas de saúdeO deputado teve diversos problemas de saúde durante seu mandato. Em junho de 2007, sofreu um primeiro AVC, aos 69 anos, e ficou sete dias internado. No mesmo ano, esteve internado duas outras vezes, por problemas cardíacos e suspeita de dengue. No ano passado, uma embolia pulmonar fez com que Clodovil passasse novamente alguns dias internado.Nascido em 17 de junho de 1937 na cidade de Elisiário, interior de São Paulo, Clodovil jamais conheceu os pais biológicos. Ele é filho adotivo de Domingos Hernandes e Izabel Sanches Hernandes. Além de estilista, Clodovil era professor formado, trabalhou muitos anos como apresentador de programas de TV e foi ator em peças e shows em casas noturnas e teatros.
Fonte: Agência Câmara
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