
O governo federal investiga o uso de criptomoedas para ocultar desvios bilionários em fraudes contra beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A informação foi confirmada nesta terça-feira (20) pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.
O esquema envolve entidades associativas que falsificaram autorizações de desconto em folha para descontar valores indevidos de aposentados e pensionistas. A estimativa da Polícia Federal é de que o prejuízo causado entre 2019 e 2024 pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
“Solicitamos ao juízo que seja feito um rastreio a partir de corretoras de criptomoedas para entender por onde esse recurso passou, caso tenha sido utilizado”, afirmou Messias.
A AGU já pediu o bloqueio de bens das entidades envolvidas e o rastreamento das transações financeiras. Parte das operações teria ocorrido em plataformas digitais para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Segundo o ministro, dois grupos distintos foram identificados: um composto por entidades fantasmas, sem sede ou atividade associativa real, e outro que pagava propina a servidores públicos para manter os descontos nos contracheques. “São entidades que não prestam nenhum tipo de serviço, que não têm sede social e sequer vida associativa”, disse. “Já temos seis servidores identificados e afastados por envolvimento com corrupção.”
A operação que revelou o esquema levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à prisão de seis suspeitos ligados às entidades investigadas.
Diante das irregularidades, o governo avalia encerrar o modelo atual de desconto em folha para associações. A proposta é que, futuramente, essas transações sejam feitas diretamente entre os beneficiários e as entidades, por meio de mecanismos como PIX ou transferência bancária.
“Estamos refletindo sobre o risco e os elementos de controle. É possível que o governo tome uma decisão em breve”, afirmou Messias.
Leia mais sobre:
Lula demite presidente do INSS após operação que apura fraude de R$ 6,3 bilhões
Ministro da Previdência Social pede demissão após escândalo no INSS
CGU assume investigação de fraudes no INSS que lesaram milhões de aposentados
INSS suspende novos descontos de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas
Mais de 1,3 milhão de aposentados do INSS pedem reembolso por descontos não autorizados
Fonte: Brasil 247