A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem ampliado sua atuação no Piauí, garantindo maior acesso aos seus programas por comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. Além disso, a entidade fortalece a segurança alimentar, destinando alimentos da agricultura familiar para cozinhas comunitárias e instituições sociais.
Segundo Danilo Viana, superintendente da Conab no estado, o órgão tem trabalhado para reduzir as barreiras burocráticas que dificultavam a participação dessas populações. "Pela primeira vez na história, conseguimos operacionalizar três projetos indígenas no Piauí, e nossa meta agora é ampliar esse número", afirma. Os projetos já implementados atendem comunidades em Piripiri, São Francisco e na região de Uruçuí.
Agricultura familiar e a inclusão
Além das comunidades indígenas, a Conab prioriza quilombolas, pescadores artesanais e assentados da reforma agrária. Nos editais da companhia, esses grupos recebem pontuação extra, facilitando o acesso aos benefícios.
Os assentados, por exemplo, têm 25% dos recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) reservados exclusivamente para eles.
"O programa resolve um dos principais desafios desses produtores: a comercialização da produção. Antes, muitos plantavam, mas não tinham garantia de venda. Agora, além de assegurar renda, o programa combate a fome, destinando os alimentos para escolas, creches e entidades sociais", explica Viana.
Impacto em Teresina
Na capital piauiense, a Conab já aprovou mais de R$ 2 milhões em propostas do PAA, beneficiando produtores do Cinturão Verde e comunidades rurais próximas. Além disso, a cidade participa ativamente do programa Cozinha Solidária, que abastece cozinhas comunitárias com alimentos da agricultura familiar.
Esse programa foi viabilizado por uma lei do deputado federal Guilherme Boulos e já conta com mais de R$ 3 milhões aprovados para Teresina. As cozinhas atendidas estão localizadas em regiões como a beira do Rio Poti e outros bairros vulneráveis. Elas são geridas por entidades sociais, como a Cáritas Diocesana, e fornecem refeições para famílias cadastradas no CadÚnico.
O impacto do programa não se restringe à capital. Em Picos, por exemplo, onde recentemente houve uma situação de calamidade pública, a Conab garantiu a distribuição de mais de 15 toneladas de alimentos para cozinhas comunitárias da cidade.
Orçamento e desafios
Mesmo com avanços significativos, a Conab ainda enfrenta desafios para atender toda a demanda do estado. Atualmente, o orçamento disponível é de R$ 40 milhões, enquanto os projetos cadastrados somam R$ 60 milhões. "Temos R$ 20 milhões em projetos aprovados, mas sem recursos suficientes para execução", revela Viana.
A expectativa, no entanto, é de ampliação dos investimentos. "O governo federal já sinalizou que, no próximo orçamento, haverá um aumento significativo nos recursos para compras públicas de alimentos. Ainda não sabemos o valor exato para o Piauí, mas estamos trabalhando para garantir o máximo possível", destaca o superintendente.
Com um trabalho estruturado e crescente adesão dos agricultores, a Conab busca fortalecer a agricultura familiar e garantir segurança alimentar para quem mais precisa. A ampliação dos recursos será essencial para consolidar essa missão e atender um número ainda maior de famílias em situação de vulnerabilidade no Piauí.
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