Arte e Cultura

DESPEDIDA

VÍDEO: Multidão canta e faz homenagem a Lô Borges na esquina mais famosa de Belo Horizonte

Homenagem espontânea reuniu amigos e fãs no local que batizou o movimento musical, celebrando a vida e a obra do compositor mineiro

Da Redação

Terça - 04/11/2025 às 11:36



Foto: Redes sociais Lô Borges, um ícone da MPB morreu aos 73 anos
Lô Borges, um ícone da MPB morreu aos 73 anos

Uma multidão tomou conta da famosa esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, na noite desta segunda-feira (3), para uma despedida emocionada do cantor e compositor Lô Borges. O artista, ícone da Música Popular Brasileira (MPB) e um dos fundadores do lendário movimento Clube da Esquina, morreu no domingo (2), aos 73 anos, devido a complicações de uma infecção pulmonar.

O evento, organizado de forma espontânea por coletivos culturais da cidade, transformou o local histórico em um palco de celebração e comoção. Durante horas, amigos, admiradores e músicos se revezaram para cantar clássicos da carreira de Lô, como “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”. Uma fila de artistas se formou para prestar suas homenagens no pequeno palco montado sob uma tenda.

No cenário, uma foto em preto e branco de Lô Borges foi posicionada ao lado das placas de rua que já demarcam o ponto turístico. Em uma janela lateral, uma faixa amarela sintetizava o sentimento de todos: “Celebramos a vida e a arte de Lô Borges”. Ao longo do dia, centenas de pessoas também deixaram flores no local, marcando o endereço que se tornou símbolo de uma das mais férteis gerações da música brasileira.

A perda de um ícone

Salomão Borges Filho (Lô Borges), estava internado em uma UTI de Belo Horizonte desde 17 de outubro, tratando de uma pneumonia. Seu estado de saúde se agravou, levando à sua morte. A informação foi confirmada pela família do artista em uma nota, que pedia orações e agradecia pelas manifestações de carinho.

Sua obra, no entanto, é eterna. Gravado quando Lô tinha apenas 19 anos, o álbum “Clube da Esquina” (1972), em parceria com Milton Nascimento, é frequentemente citado pela crítica como um dos maiores discos da história do Brasil. A revista norte-americana Rolling Stone o elegeu como o 4º melhor álbum brasileiro de todos os tempos. Canções como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” (composta com Nascimento) se tornaram hinos atemporais.

Seu primeiro disco solo, o inovador “Lô Borges” (1972), carinhosamente apelidado de “Disco do Tênis” pela capa, também é cultuado por gerações. Apesar do sucesso precoce, Lô manteve uma carreira marcada por fases de reclusão e retornos triunfais, sempre compondo. Seu trabalho mais recente, “Céu de Giz”, uma parceria com Zeca Baleiro, foi lançado em agosto de 2024 e aclamado pela crítica, demonstrando sua vitalidade criativa até os últimos momentos.

O berço do Clube da Esquina

A homenagem no local não foi por acaso. Lô Borges nasceu e cresceu em Santa Tereza, e foi justamente naquela esquina que a história do movimento começou. Ainda criança, nas escadarias do Edifício Levy, no centro de BH, ele conheceu Milton Nascimento, dez anos mais velho, iniciando uma parceria que mudaria os rumos da MPB. O grupo, que também incluía Beto Guedes, Toninho Horta e Fernando Brant, entre outros, usava a região como ponto de encontro e criação.

A multidão que se reuniu na noite de segunda-feira reafirmou que, embora Lô Borges tenha partido, seu legado permanece mais vivo do que nunca, ecoando na esquina que se tornou lendária e nos corações de quem ama sua música.

Fonte: Revista Fórum

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