
Há exato um mês, no dia 4 de junho de 2025, o Brasil perdia Niede Guidon, arqueóloga de renome internacional que dedicou mais de cinco décadas à preservação do patrimônio histórico e natural do Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí. Aos 92 anos, ela faleceu em sua casa, em São Raimundo Nonato, deixando um legado que ultrapassa a ciência e toca o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região.
Reconhecida como a principal responsável pela revelação ao mundo das evidências mais antigas da presença humana nas Américas, Niede Guidon foi uma das idealizadoras da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e liderou escavações e pesquisas que desafiaram teorias tradicionais sobre o povoamento do continente.
Da ciência à transformação social
Além de seu trabalho como cientista, Niede foi uma defensora incansável da preservação ambiental e da valorização das comunidades locais. Sob sua gestão, o Parque da Serra da Capivara tornou-se Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, e a região passou a receber investimentos em turismo sustentável, educação patrimonial e geração de emprego.
A arqueóloga também batalhou por décadas para garantir financiamento e infraestrutura para manter vivo o parque e suas centenas de sítios arqueológicos, muitos com pinturas rupestres datadas de até 50 mil anos.
Reconhecimento e continuidade
Mesmo após sua morte, Niede continua sendo lembrada por colegas, moradores de São Raimundo Nonato e admiradores do seu trabalho.
A Fundação Museu do Homem Americano, que ela ajudou a fundar e dirigiu por décadas, segue funcionando como um centro de pesquisa e educação, agora sob nova gestão, mas ainda baseada nos princípios que ela deixou como guia.
Um legado eterno no coração do Brasil
A ausência de Niede Guidon é sentida tanto pela comunidade científica quanto pelas populações do sertão piauiense, que viram, em sua atuação, uma ponte entre a memória ancestral e a oportunidade de futuro.
Sua luta pela valorização da Serra da Capivara permanece como um símbolo de resistência e inspiração. Um mês após sua partida, a certeza é de que seu legado continuará vivo nas pedras, nas pinturas e nas vidas que ela transformou.