
“Eu não conseguia contar a lenda do Crispim para meus alunos — ela era terrível demais”, admitiu a pedagoga e escritora Célia Revilândia durante entrevista ao podcast Simbora Cast. A saída foi reescrever a história. O resultado virou livro: “Crispim, o Menino do Rio”.
A lenda do “Cabeça-de-Cuia”, que já assustou gerações de piauienses, acaba de ganhar roupa nova: em vez de vilão sanguinário, ele surge como guardião dos rios e aliado da educação ambiental em “Crispim, o Menino do Rio”. Esse é o título do livro da professora e escritora Célia Revilândia, que participou do Simbora Cast, comandado pelo professor Wellington Soares.
Ela diz que concluiu a obra depois de anos de experimentação em sala de aula. Tudo para transformar o medo em consciência ecológica. Lançado em 2022, já é adotado por escolas de Teresina. Na versão de Célia, o temido vilão dá lugar a um garoto que aprende, junto com as sete irmãs, a proteger o Poti de lixo e poluição. “A história só ficou pronta quando percebi que as crianças estavam gostando”, lembra a autora, que testou cada capítulo em sala de aula antes de enviar o original ao ilustrador Jardiel Amorim.
O enredo manteve elementos da lenda, como o osso, o rio e as sete Marias, mas mudou o foco para questões ambientais e de convivência familiar. Não por acaso, o livro tem sido usado em projetos de educação ambiental do 1º ao 5º ano. “Escrever por escrever não me interessa, O que vale é o encontro do escritor com o leitor”, reforça Célia.
Apesar de ter chegado às vitrines só em 2022, “Crispim” estava pronto desde 2019. A falta de recursos adiou a impressão — um obstáculo recorrente no circuito literário local, observa Célia. Hoje a obra pode ser encontrada nas principais livrarias de Teresina e em feiras de leitura pelo interior do Estado.
Além de revisitar o folclore, a autora planeja nova tiragem comentada para professores e prepara atividades digitais de apoio. “A lenda continua viva, mas agora ensina cuidado com o rio. Se a criança joga lixo, o Crispim reaparece”, brinca.