Sobreviver da cultura hip hop no Piauí é um desafio diário para muitos artistas que usam sua arte não apenas para expressar sua realidade, mas também como forma de sustento. No podcast Voz Ativa, os rappers Yamazaki, Rashtag86 e Maninh compartilharam suas experiências sobre como transformaram o talento em meio de vida, apesar da falta de estrutura.
A rima no transporte público se tornou uma prática comum entre os MCs locais, como Hashtag e Maninho. Para eles, essa foi uma solução inovadora para gerar renda enquanto divulgam a cultura. "Eu comecei a rimar nos ônibus em 2019, porque não tinha dinheiro para ir às batalhas. Eu comprava chicletes e amendoins para vender enquanto fazia rimas", relatou Hashtag.
Os artistas explicaram que a recepção do público pode variar. "Tem ônibus em que somos aplaudidos, mas outros onde a energia é tão negativa que fica difícil se apresentar", explicou Maninho. Mesmo assim, o impacto positivo é evidente. "Arrancar um sorriso de um passageiro ou tirar uma foto com uma criança é o que nos motiva a continuar", completou.
O dia a dia desses artistas é marcado pela superação de barreiras, desde a falta de recursos até a necessidade de pedir autorização para se apresentar em ônibus. Mesmo assim, eles encontram força na paixão pela arte. "O hip hop não é só um trabalho, é uma terapia. É o que nos motiva a sair da cama todos os dias", afirmou Maninho.
A falta de valorização local contrasta com o reconhecimento recebido em outros estados. "Quando nos apresentamos fora do Piauí, somos valorizados. Aqui, ainda lutamos para furar a bolha", destacou Hashtag. Ele enfatizou que o hip hop não é apenas uma manifestação cultural, mas uma oportunidade de mudança social e econômica.
Para esses artistas, o hip hop é um sonho e um movimento de resistência. "Eu acredito tanto que um dia vai dar certo, que posso mudar a realidade da minha família e de quem está ao meu redor. Isso é o que me faz continuar", concluiu Maninho.
Confira a entrevista na íntegra: