O mês de abril deu lugar a um ato de vandalismo cósmico, mas por uma boa causa -a sonda japonesa Hayabusa2 disparou o que mais pareceu um tiro de canhão no asteroide Ryugu, abrindo uma cratera em sua superfície.
A operação pode parecer força bruta demais, mas trata-se de uma ótima estratégia não só para estudar a formação de crateras, mas também investigar a composição em seu interior. Cavar seria uma opção mais complicada do que simplesmente dar um tiro nele e abrir um buraco.
Então, no dia 5 de abril, o falcão-peregrino (este é o significado de hayabusa em japonês) realizou um voo rasante sobre a superfície do pequeno corpo celeste, com cerca de 850 m de diâmetro, e liberou uma pequena cápsula, o SCI, sigla em inglês para pequeno portador de impactador.
Em seguida, a sonda liberou uma câmera móvel, a DCAM3, e então elevou sua altitude e fugiu para o outro lado do asteroide, a fim de se proteger do evento bombástico que se seguiria.No SCI, uma carga explosiva disparou uma massa de dois quilos de cobre na direção da superfície, a uma velocidade de mais de 7.000 km/h.
As imagens feitas à distância pela DCAM3 mostraram o que parecia ser uma súbita ejeção de detritos da superfície do asteroide, indicando que o impacto fora bem-sucedido.A confirmação, contudo, só veio 20 dias depois, na última quinta-feira, quando a Hayabusa2 teve a chance de sobrevoar a superfície, a uma altitude de cerca de 1,5 km, para procurar a cratera produzida.
Eles esperavam ver um buraco de cerca de 10 metros de diâmetro, mas as imagens revelaram mudanças de solo numa área duas vezes mais larga, gerando debate intenso entre os cientistas da missão.Espera-se que a sonda faça novo sobrevoo pela região no futuro próximo, desta vez colhendo imagens ainda mais detalhadas, e existe a possibilidade -ainda em estudo- de que a Hayabusa2 possa pousar brevemente dentro da cratera artificial para colher amostras.
Numa série de eventos espetaculares, a missão já realizou várias proezas desde julho de 2018, data de sua chegada ao Ryugu, o primeiro asteroide do tipo C (rico em carbono) a ser visitado por uma sonda. Em setembro, minirrovers saltitaram por sua superfície, e em fevereiro a Hayabusa2 fez o primeiro pouso e coleta de amostras no asteroide.
A espaçonave tem até o fim deste ano para explorá-lo, quando deverá impreterivelmente tomar o caminho de casa -a mecânica celeste não espera ninguém. Se tudo correr bem, o retorno da cápsula de amostras à Terra deve acontecer em dezembro de 2020.
Fonte: Noticias ao minuto