A Defesa Civil do Piauí cumpriu, nesta quinta-feira (4), uma agenda estratégica no município de Corrente, no extremo Sul do estado, fortalecendo a interiorização da política de prevenção e gestão de riscos. A programação incluiu diálogo com produtores rurais da região cerradeira, uma reunião com o prefeito Filemon Paranaguá e encontros com a Defesa Civil Municipal (COMPDEC), além da participação em um evento acadêmico no Instituto Federal do Piauí (IFPI).
Segundo o diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil Piauí, Werton Costa, a visita responde à necessidade de “capilarizar cada vez mais a presença da Defesa Civil” em áreas distantes e estratégicas, especialmente aquelas que fazem limite natural com Tocantins, Maranhão e Bahia. Para ele, Corrente se destaca por sua importância regional.
Corrente é um município polo, com uma economia essencialmente agropastoril. Ele sintetiza muito da vocação econômica do Estado.
Interiorização e planejamento para o período chuvoso
A agenda começou com um encontro reservado com o prefeito Filemon Paranaguá, no qual a equipe apresentou o portfólio de ações da Defesa Civil Estadual. Em seguida, houve uma reunião técnica com o coordenador municipal de Defesa Civil, Luiz Alves, para conhecer a realidade local e avaliar futuras intervenções.
Werton Costa destaca que o objetivo é fortalecer o sistema municipal e estruturar ações preventivas para o período chuvoso:
Há uma disponibilidade para avançar e construir juntos, mas também reconhecemos as grandes dificuldades estruturais dessas defesas civis locais. Nosso trabalho aqui é de prospecção, de construção de parceria e de organização do sistema de dentro para fora.
Entre as ferramentas apresentadas aos municípios da região estão:
- Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres (SEGRED), com unidade de monitoramento climatológico;
- Plano de Emergência Pluviométrica, em fase final, com lançamento previsto para o dia 15, em Piripiri;
- Alerta DCA, sistema de mensagens invasivas enviadas via telefonia móvel para avisar a população sobre riscos severos.
Produtores rurais discutem impactos da estiagem
No encontro com produtores da região cerradeira, a pauta principal foi o impacto da última estiagem sobre a produção agropecuarista. O coordenador reforçou que o serviço de monitoramento da Defesa Civil está disponível ao setor produtivo para apoiar decisões de manejo sustentável.
A reunião permitiu que os produtores relatassem diretamente os efeitos da última estiagem, que impactou desde a disponibilidade de água até o rendimento de pastagens e lavouras. De acordo com o Diretor da Defesa Civil Piauí, esse tipo de escuta ativa é essencial para calibrar as ações do órgão:
Tivemos neste diálogo com os produtores […] uma discussão basicamente sobre os impactos da última estiagem sobre a atividade agropecuarista e colocando hoje o serviço de monitoramento da Defesa Civil […] à disposição da classe produtora para orientar esse serviço […] de forma a fazer o manejo adequado para ter o máximo rendimento da sua atividade econômica com sustentabilidade.
A Defesa Civil reforçou que o monitoramento climático do estado — considerado uma das ferramentas mais importantes oferecidas ao setor produtivo — estará acessível para apoiar decisões sobre plantio, manejo de solo, cuidados com o rebanho e planejamento da produção.
É uma atividade essencial da nossa economia. Queremos orientar para que tenham o máximo rendimento com sustentabilidade.
Ciência e gestão de riscos: parceria com o IFPI
O último ponto da agenda envolveu o diálogo entre Defesa Civil e Academia, no evento ambiental realizado no Instituto Federal do Piauí (IFPI) — considerado o maior encontro de gestão ambiental do estado. A participação está programada para a noite desta quinta-feira e a manhã de sexta-feira. A discussão focará em gestão tecnológica do risco e construção de cidades resilientes diante das mudanças climáticas.
Para Werton, aproximar ciência e gestão pública é uma diretriz central da atual administração:
A relação com a academia, ela é fundamental, porque nós estamos diante de uma gestão pública estadual baseada na ciência, baseada em evidências e buscando trazer este conhecimento para que ele cumpra sua função social, permitindo o desenvolvimento das comunidades e, sobretudo e fundamentalmente, a proteção da vida de cada cidadão e cidadã piauiense.
Reforço da presença no território
A agenda em Corrente integra um movimento mais amplo de descentralização da Defesa Civil Estadual, reforçando ações no sul do estado e aproximando o órgão de comunidades vulneráveis e municípios estratégicos. Costa explica que o extremo sul é uma região-chave, tanto pela posição geográfica quanto pela diversidade de riscos que concentra.
A primeira é a necessidade de interiorizar, de capilarizar cada vez mais a presença da Defesa Civil Estadual, principalmente nos municípios cerradeiros, nos municípios sertanejos mais distantes, aqueles que formam o limite natural com o Tocantins, com o sul do Maranhão e mesmo com o sul baiano.
Corrente, segundo ele, ocupa um papel estratégico nesse processo. Além de funcionar como polo regional, o município representa a vocação econômica do Piauí, com forte presença da agropecuária e fluxo comercial importante para todo o estado.