Cidade

PESQUISA

Burocracia dificulta a vida de quem quer empreender em Teresina, diz pesquisa

Levantamento divulgado pela Prefeitura de Teresina mostra desigualdade entre zonas urbana e rural e baixo acesso a políticas públicas

(*) Lília Pâmela

Terça - 03/06/2025 às 12:44



Foto: Sol Castelo Branco/Piauí Hoje Prefeitura de Teresina 2 de junho de 2025
Prefeitura de Teresina 2 de junho de 2025

Mais de um terço dos microempreendedores de Teresina precisam de crédito para investir em seus negócios, mas enfrentam entraves como burocracia, desconhecimento e acesso desigual entre zonas urbana e rural. É o que mostra a pesquisa “Demandas de Mercado e Microcrédito para Pequenos Empreendedores”, divulgada nessa segunda-feira (2) pela Prefeitura de Teresina.

Realizado entre os dias 25 e 30 de abril de 2025 pelo Instituto Piauiense de Opinião Pública, o levantamento entrevistou 401 empreendedores formais e informais da capital, incluindo MEIs, ambulantes, pequenos produtores e prestadores de serviço. A margem de erro é de 4,8%, com 95% de nível de confiança.

Segundo os dados, 38,9% dos entrevistados já buscaram microcrédito, mas a maioria ainda não teve acesso. As mulheres lideram na procura (41,88%), seguidas pelos homens (36,19%). A demanda é maior entre trabalhadores informais, especialmente os que atuam como ambulantes ou prestadores de serviço.

Apesar das dificuldades, 87,18% dos empreendedores avaliam o microcrédito como positivo. Jovens entre 19 e 24 anos, sobretudo em áreas urbanas, demonstram maior confiança nos efeitos do crédito, enquanto os mais velhos e moradores da zona rural são mais cautelosos.

A falta de documentação (21,8%), dificuldades de acesso (16,7%) e o desconhecimento das fontes de financiamento (14,7%) aparecem como os principais obstáculos. A pesquisa também aponta que 37,41% precisam de crédito atualmente, e esse índice sobe para 75% entre os empreendedores não formalizados.

Outro dado de destaque é a baixa participação em capacitações: 57,11% nunca fizeram cursos voltados para o empreendedorismo. O Sebrae é a entidade mais mencionada, mas há pouca atuação de instituições locais. Gestão e empreendedorismo lideram o interesse, com 37% das preferências.

Mesmo assim, 39,65% dos entrevistados não demonstram interesse em capacitação, citando falta de tempo, descrédito ou dificuldade de acesso. Entre os que utilizam crédito, os principais destinos são insumos (32%), expansão (23%) e capital de giro (22%).

A pesquisa também revela carência de fornecedores, consultoria e assistência técnica. Mais da metade dos empreendedores (54,36%) desejam um catálogo regional de fornecedores. Já 35,4% apontam a dificuldade de acessar crédito como principal entrave ao crescimento do negócio.

Na zona rural, a maioria atua em agricultura (54,29%) e pecuária (22,86%), vendendo diretamente ao consumidor final. O crédito também é apontado como principal obstáculo ao crescimento por 40% dos entrevistados. Há baixo conhecimento sobre programas como PRONAF e DAP.

Entre as recomendações do estudo estão:

  • Desburocratização do acesso ao microcrédito;

  • Integração entre crédito e capacitação técnica;

  • Fortalecimento de redes locais de fornecedores;

  • Apoio específico para mulheres, jovens e informais;

  • Políticas voltadas ao desenvolvimento da zona rural.

Durante a apresentação dos dados, o prefeito Sílvio Mendes afirmou que a pesquisa será usada como referência para ações futuras da administração municipal.

Estamos discutindo aumentar as oportunidades para os teresinenses, seja da zona urbana, seja rural, para poder aumentar a sua renda familiar. Todos sabemos as dificuldades que a maioria das famílias de Teresina enfrenta. Então é uma discussão que tem sido feita desde janeiro, desde que nós assumimos, declarou.

PESQUISA - MICROCREDITO (1).pdf

MATÉRIA RELACIONADA


Prefeitura de Teresina lança programa de incentivo ao empreendedorismo

(*) Lília Pâmela é estagiária sob supervisão da jornalista Malu Barreto

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia:

<