Revista Fórum - Um grupo de bolsonaristas que fazia uma carreata no centro de São Paulo (SP), na tarde desta sexta-feira (6), agrediu duas mulheres - entre elas uma senhora de idade. Os apoiadores de Jair Bolsonaro desfilavam de carro com bandeiras do Brasil pela movimentada avenida Angélica e eram escoltados por viaturas da polícia.
Tellé Cardim, jornalista que mora em um prédio da região, reagiu à carreata bolsonarista exibindo uma bandeira do presidente Lula (PT) junto a outras pessoas que faziam o sinal de "L" com as mãos. Uma mulher e um grupo de homens, então, saíram do carro e partiram de forma agressiva para cima da senhora na tentativa de arrancar sua bandeira.
A empresária Laís Conter, que mora em um prédio da avenida Angélica, contou à Fórum que, quando a carreata passou pelo local, parte da vizinhança reagiu com gritos de apoio a Lula, tudo de forma pacífica. Ela presenciou parte da agressão de sua janela e desceu para tentar ajudar outra mulher que também foi agredida por um bolsonarista.
"A senhora estava ali, parou um carro do lado e uma mulher foi para cima dela tentar tirar a bandeira, e começou uma confusão generalizada. E aí uma outra mulher foi defender a senhora e outro carro parou. Desceu um cara e foi para cima dessa mulher. Agrediu ela no rosto e só não agrediu mais porque nesse momento a polícia já estava no meio da rua", relatou Laís.
A segunda mulher agredida é Débora Natali. À Fórum, ela confirmou o relato de Laís. Débora diz que estava na rua quando viu o grupo partindo para cima de Tellé, a senhora da bandeira, e correu para tentar protegê-la. "É uma senhora que tem idade para ser minha vó. Quando vi a cena, pensei: 'não estou acreditando no que estou vendo'. E aí um homem desceu do carro e veio direto para cima de mim. Ele colocou a mão no bolso e eu não sabia o que ele tinha. Ele veio para cima de mim e me agrediu. Acho que ele só parou porque tinha um rapaz atrás de mim e que gravou tudo".
Vídeos mostram o bolsonarista, que escondia a placa de seu carro com uma bandeira do Brasil, agredindo Débora. Policiais e outras pessoas que estavam no local contiveram o bolsonarista. O agressor, entretanto, não foi preso. Segundo os relatos obtidos pela Fórum, a PM apenas escoltou o homem até seu carro e ele foi embora.
"Os policiais estavam vendo tudo e deixaram ele entrar dentro do carro. Estou até sem voz porque gritei muito pedindo para que parassem ele, afinal ele tinha agredido duas mulheres, que fizessem alguma coisa. E os policiais não fizeram absolutamente nada", revela Débora.
A mulher agredida e outras testemunhas relataram à reportagem que, depois de muita insistência, os policiais aceitaram registrar a ocorrência, na própria avenida onde ocorreu a agressão. As duas mulheres agredidas foram orientadas a procurar uma delegacia e levar imagens sobre o caso.
"Ele tem que responder por isso. Não pode sair agredindo as pessoas na rua e ficar impune (...) Não sei nem como explico isso. Parece normal um homem branco bater em uma mulher. A gente está em uma era que essas coisas estão normais... Isso tem que acabar, um homem não pode descer do carro, agredir uma mulher e sair como se nada tivesse acontecido, escoltado pela polícia", desabafa Débora, que tenta agora reunir mais imagens do ocorrido para levar à polícia.
Fórum entrou em contato com a secretaria de Segurança Pública de São Paulo, via e-mail e telefone, para obter um posicionamento da pasta sobre a conduta da PM no caso e elucidar que medidas serão tomadas. Em nota, a pasta informou que "a Polícia Militar foi acionada para atender a uma ocorrência de agressão, na tarde da última sexta-feira (6), na Avenida Angélica, região central da Capital. No endereço indicado, uma equipe constatou que houve desentendimento entre as partes, mas a situação teria sido resolvida. Por este motivo, não houve detenções".
"Até o momento, o caso não foi registrado pela Polícia Civil. No entanto, a instituição está à disposição da vítima para formalização do BO", finaliza a secretaria.
Assista aos vídeos que mostram as agressões
Fonte: Revista Fórum