
A prefeitura de Niterói, no Rio de Janeiro, decidiu assumir os custos e a logística para o traslado do corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que morreu devido à uma queda em uma trilha no vulcão Monte Rinjani, na Indonésia. A informação foi confirmada na noite desta quarta-feira (25), após o Governo Federal informar que não pode arcar com a repatriação por conta de restrições legais.
Juliana ficou desaparecida por quatro dias até ser localizada já sem vida por equipes de resgate. A jovem caiu de uma altura de cerca de 300 metros no último dia 20, durante uma trilha no parque nacional localizado na Ilha de Lombok. Desde então, familiares e amigos vinham mobilizando campanhas para arrecadar os mais de R$ 40 mil estimados para o traslado, enquanto aguardavam um posicionamento oficial do Itamaraty.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores explicou que a legislação brasileira proíbe o uso de recursos públicos para repatriação de corpos. A norma está prevista no parágrafo 1º do artigo 257 do Decreto nº 9.199/2017. “A assistência consular não compreende o custeio de despesas com sepultamento e traslado de corpos de nacionais que tenham falecido no exterior”, informou o Itamaraty.
Apesar da impossibilidade legal, o ministério esclareceu que oferece suporte à família com emissão de documentos, como o atestado consular de óbito, orientação sobre procedimentos locais e apoio no contato com autoridades da Indonésia. “O atendimento consular prestado pelo Estado brasileiro é feito a partir de contato do cidadão interessado ou de sua família, sempre conforme a legislação internacional e nacional”, completou o órgão.
Diante do impasse e da mobilização pública nas redes sociais, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), anunciou que a administração municipal cuidará da repatriação. O corpo da jovem será levado ao Brasil, onde será velado e sepultado em sua cidade natal, na região metropolitana do Rio.
“Conversei com Mariana, irmã de Juliana, e reafirmei o compromisso da prefeitura de Niterói com o translado da jovem para nossa cidade, onde será velada e sepultada”, publicou o prefeito em suas redes sociais na noite de quarta-feira (25). Em nota oficial, a prefeitura confirmou que também assumirá os custos com o sepultamento.
Rodrigo Neves, prefeito de Niterói, assume compromisso de custear traslado do corpo de Juliana Marins para sepultamento na cidade - Tomaz Silva/ Agência Brasil
Além da prefeitura, o ex-jogador Alexandre Pato também se ofereceu publicamente para custear a repatriação, sensibilizado com o caso que mobilizou milhares de pessoas nas redes sociais nos últimos dias.
Relembre o caso
Juliana Marins estava viajando sozinha em um mochilão pela Ásia desde fevereiro e fazia uma trilha no Monte Rinjani, um dos vulcões mais altos da Indonésia, quando sofreu a queda de cerca 300 metros. Ela ainda foi vista por turistas que sobrevoavam a área com um drone e conseguiu dar sinais de vida por algumas horas, mexendo os braços e olhando para cima.
Os esforços de resgate enfrentaram grandes dificuldades devido ao terreno íngreme, neblina intensa, falta de sinalização e solo escorregadio. As buscas duraram mais de 14 horas e foram suspensas diversas vezes por conta das condições climáticas. Após quatro dias, o corpo foi finalmente localizado e retirado na manhã de quarta-feira (25), horário local, sendo levado ao Posto Sembalun e, em seguida, ao Hospital Bayangkara.
De acordo com familiares, Juliana passará por exame de necrópsia nesta quinta-feira (26), em uma cidade próxima à base do vulcão. O traslado ao Brasil será providenciado em seguida pelas autoridades locais, com apoio da prefeitura de Niterói.
O Monte Rinjani é conhecido pelas belezas naturais, mas também por seu histórico de acidentes. Desde 2020, já foram registradas ao menos oito mortes e cerca de 180 acidentes no local, segundo dados de órgãos locais. Especialistas apontam falhas graves na infraestrutura de segurança do parque, ausência de sinalização adequada e demora no atendimento a emergências como fatores que contribuem para os riscos enfrentados por visitantes.
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