Política

DISCURSO DE ÓDIO

Bolsonaristas celebram morte de brasileira em vulcão com ataques nas redes sociais

Após confirmação do óbito de Juliana Marins na Indonésia, extremistas ironizam tragédia e ofendem memória da jovem

Da Redação

Quarta - 25/06/2025 às 09:22



Foto: Redes sociais, Reprodução Juliana Marins é encontrada morta após cair em trilha no Monte Rinjani, na Indonésia
Juliana Marins é encontrada morta após cair em trilha no Monte Rinjani, na Indonésia

A confirmação da morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, no Monte Rinjani, na Indonésia, foi seguida por uma onda de comentários ofensivos com teor político, por parte de bolsonaristas nas redes sociais. Negra, independente, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e associada à esquerda desde os primeiros relatos sobre seu desaparecimento, Juliana se tornou alvo de ironias cruéis e mensagens de ódio nas plataformas digitais, principalmente após seu pai agradecer publicamente ao governo do presidente Lula (PT) pela ajuda nas buscas.

Juliana foi encontrada sem vida nesta terça-feira (24), cair de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, um dos vulcões ativos mais altos e visitados da Indonésia, na última sexta-feira (20). A jovem permaneceu por quatro dias na região, sem resgate e exposta a condições adversas à saúde humana. A morte foi confirmada pela família por meio de uma rede social criada para divulgar informações sobre as buscas

Discurso de ódio online

Mesmo diante da tragédia, comentários como “Petista é bom morto”, “É, o feminismo não venceu” e “Se era petista tinha que morrer mesmo, um a menos” circularam entre perfis anônimos de militantes bolsonaristas na rede social (antigo Twitter). As manifestações cresceram após o pai da jovem, Manoel Marins, agradecer ao Itamaraty e à Embaixada do Brasil na Indonésia pelos esforços para levá-lo ao país.

“Agradeço ao senhor e ao Ministério das Relações Exteriores, além da Embaixada da Indonésia, pelos esforços. Estou a caminho daquele país e espero voltar com minha filha viva”, escreveu Manoel no Instagram, ainda no início da semana.


As publicações ofensivas se intensificaram após bolsonaristas localizarem fotos antigas de Juliana em festas e manifestações políticas. Imagens dela no Carnaval e de uma mochila com um broche escrito “Ele Não” , em referência ao movimento contra Bolsonaro em 2018, foram usadas para reforçar as ofensas. “Faz o L”, “Petista anti-Bolsonaro foi abandonada pelo Lula em um vulcão” e “Que se foda petista de merda” foram alguns dos comentários identificados.

Sonho que virou tragédia

Juliana caiu de uma altura estimada em 300 metros, de acordo com relatos divulgados por amigos e familiares nas redes sociais. Ela estava em uma viagem de mochilão pela Ásia desde fevereiro, com passagens por Filipinas, Tailândia e Vietnã antes de chegar à Indonésia. Pouco antes do acidente, publicou vídeos ao lado de uma amiga, mostrando momentos de alegria e contemplação da paisagem montanhosa na viagem dos seus sonhos.

Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, a jovem era formada em Publicidade Propaganda pela UFRJ e também atuava como dançarina. Segundo pessoas próximas, realizar a trilha no Monte Rinjani era um sonho antigo. A rota, conhecida por sua beleza e dificuldade técnica, pode durar até quatro dias e é considerada desafiadora até mesmo para trilheiros experientes.

Até esta quarta-feira (25), a Embaixada do Brasil na Indonésia seguia acompanhando o caso. Ainda não há informações sobre o processo de translado do corpo para o Brasil nem sobre a liberação formal pelas autoridades locais. A família aguarda novos posicionamentos das autoridades indonésias para dar início aos trâmites funerários.

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