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MEIO AMBIENTE

Imagens mostram novas áreas de garimpo em terras indígenas na Amazônia

Dados se referem ao período de julho a setembro e contradizem governo

Da Redação

Quinta - 17/10/2024 às 12:22



Foto: Christian Braga/Greenpeace imagens mostram novas áreas de garimpo em TIs na Amazônia
imagens mostram novas áreas de garimpo em TIs na Amazônia

O Greenpeace Brasil revelou novos pontos de garimpo nas Terras Indígenas (TIs) Kayapó e Yanomami, que já enfrentam sérios danos devido a essa atividade. Esses locais estão distantes de outras áreas de garimpo mais antigas e estabelecidas.

Em nota exclusiva à Agência Brasil, a organização informou que, entre julho e setembro deste ano, o garimpo resultou no desmatamento de 505 hectares nas TIs Kayapó, Yanomami, Munduruku e Sararé. A medição da área desmatada, equivalente a 707 campos de futebol, foi realizada por meio de imagens dos satélites Planet Lab e Sentinel-2.

Ao analisar as mudanças nas TIs mencionadas, observou-se um aumento de 44,48% na área desmatada em comparação ao mesmo período de 2023. A TI Kayapó foi a mais afetada, com um aumento de 35%, totalizando 315 hectares, o que corresponde a cerca de duas vezes o tamanho do Parque Ibirapuera em São Paulo.

Segundo o Greenpeace, a TI Kayapó estabeleceu três recordes neste trimestre: a maior área de garimpo (15.982 hectares), a maior quantidade de novas áreas desmatadas para essa atividade e a maior concentração de incêndios florestais em 2024.

Na TI Yanomami, a área total de garimpo é de 4.123 hectares, com 50 hectares sendo novos, registrados no último trimestre. O aumento foi ligeiramente menor do que na TI Kayapó, atingindo 32%.

"Essas informações contradizem a nota divulgada pelo governo federal no início de outubro, que afirmou não ter identificado novos garimpos na região em setembro", observa o Greenpeace.

Em 4 de outubro, a Casa Civil declarou que, em setembro, foram realizadas 2.048 operações na TI Yanomami para combater o garimpo ilegal e que, desde março de 2024, houve uma queda de 96% na abertura de novos garimpos em comparação a 2022.

"As imagens de satélite também revelam a expansão da nova fronteira de garimpo no sul do território Yanomami, mencionada pelo Greenpeace no início de 2024. Novas áreas foram identificadas também no Parque Nacional Pico da Neblina, no sul da região", acrescenta a entidade.

O Greenpeace também registrou um aumento de 34,7% na área devastada pelo garimpo no território Munduruku, com 32,51 hectares abertos no último trimestre. Além disso, 3% da área foi afetada por queimadas e estiagem, agravando as crises alimentar e hídrica.

Na TI Sararé, o desmatamento promovido pelos garimpeiros abrangeu 106,98 hectares em agosto e setembro deste ano. A área total de garimpo na região é de 1.863,78 hectares, conforme dados do Greenpeace, que destaca o aumento da violência no local.

"Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que já foram realizadas 13 operações conjuntas da Polícia Judiciária, Ibama e Funai nessas TIs, mas isso ainda não é suficiente", ressalta a organização.

A reportagem entrou em contato com os ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas, a Casa Civil e a Funai, e aguarda uma resposta.

Fonte: Agência Brasil

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