
O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (13), a revogação dos vistos de dois brasileiros envolvidos na implementação do programa Mais Médicos: Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta. A medida foi divulgada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como parte da retomada da "política de restrição de vistos relacionada a Cuba".
O Departamento de Estado dos EUA acusa os envolvidos de enriquecer o "corrupto regime cubano" e de privar o povo da ilha de atendimento médico. O comunicado também aponta que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) teria atuado como intermediária para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando sanções dos EUA a Cuba. A OPAS, vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não se manifestou sobre o caso.
Programa Mais Médicos
O Mais Médicos foi lançado em 2013 com o objetivo de melhorar o atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), levando médicos para regiões prioritárias, remotas e de difícil acesso, onde há escassez de profissionais. O programa também visa promover a formação e qualificação de médicos por meio de parcerias com instituições de ensino.
Entre 2013 e 2018, o programa contou com a participação de médicos cubanos. De acordo com o governo dos EUA, dezenas de médicos cubanos que participaram do programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano, com parte de seus salários sendo retida. O Departamento de Estado dos EUA classifica essas missões médicas como "trabalho forçado".
Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA - Reprodução/BBC News
No atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Mais Médicos passou a priorizar profissionais brasileiros. Segundo dados divulgados em agosto de 2025, 92,25% dos 24,9 mil médicos ativos no programa são nacionais.
Sanções de Eduardo Bolsonaro
A medida contra Sales e Kleiman foi elogiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos EUA e tem pressionado o governo americano por sanções a autoridades brasileiras, especialmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O episódio ocorre em meio a uma escalada de retaliações de Trump ao Brasil. Em julho, Washington impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro Alexandre de Moraes, acusando o país de perseguição política contra Jair Bolsonaro, réu em uma ação penal sobre suposta tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022.
Fonte: BBC E Terra