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TRAGÉDIA

Especialista revela fatores que causaram o acidente de avião em Gramado

Especialista explica como a combinação de neblina, ventos fortes e condições de aeroporto causaram o acidente

da Redação

Segunda - 23/12/2024 às 09:10



Foto: Divulgação Avião bimotor turboélice
Avião bimotor turboélice

Dez pessoas morreram no acidente aéreo ocorrido por volta das 9h deste domingo (22) em Gramado, na Serra Gaúcha, após um avião bimotor turboélice tentar decolar em condições climáticas desfavoráveis, com intensa neblina e ventos fortes. 

O especialista em risco e segurança, Gerardo Portela, engenheiro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que a decolagem não deveria ter ocorrido devido à visibilidade limitada e à previsão climática adversa. "Foi um erro levantar voo nessas condições", disse Portela, que estava em Gramado para as festas de fim de ano.

O avião, um Piper PA-42 Cheyenne, decolou de Canela com destino a Jundiaí, em São Paulo, e caiu pouco após a decolagem, atingindo uma chaminé e o segundo andar de uma residência antes de cair sobre uma loja de móveis, causando destruição. Entre as vítimas estavam o empresário Luiz Cláudio Galeazzi, sua esposa, três filhas, a sogra, outro casal e duas crianças. Além das mortes, 17 pessoas ficaram feridas, duas em estado grave.

Portela explicou que as condições climáticas eram muito difíceis, especialmente para aeronaves pequenas em áreas urbanas. "O meu voo teve que arremeter, não conseguiu fazer o pouso, e era uma aeronave A-320 (um avião comercial de passageiros, bem maior que o bimotor), imagina uma aeronave pequena, em condições climáticas adversas e sem condição de voo visual", relatou o especialista.

Ele também destacou que o aeroporto de Canela, de onde o avião partiu, não possui torre de controle nem equipamentos para voos por instrumentos, o que aumentou o risco. De acordo com as regras aeronáuticas, é necessário ter visibilidade de até 5 mil metros para decolagens visuais, enquanto, no momento do acidente, a visibilidade não passava de 200 metros.

Local do acidente de Gramado. Foto: Divulgação

Além disso, Portela alertou para o risco de sobrevoar áreas densamente habitadas. "Nunca é desejável fazer um sobrevoo desnecessário sobre áreas urbanas, áreas habitadas, a recomendação é sempre de evitar", afirmou.

O especialista também ressaltou que acidentes aéreos raramente têm uma única causa. "O piloto não quer cair. Certamente um sujeito viajando com toda a família não quer cair. Mas alguma coisa fez com que ele decidisse levantar voo com condições obviamente ruins. As pessoas podem ser induzidas ao erro por informações incompletas ou incorretas sobre as condições climáticas, por pressões externas para decolagem, para citar dois exemplos", concluiu.

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