
Em todo lugar é assim: pessoas condenadas nunca quer pagar pelos crimes que cometem. Mas no Brasil a elite política leva essa máxima ao pé da letra. É o caso da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Logo após a sentença ela fugiu do país e teve sua prisão decretada nesta quarta-feira (04.06).
Ao saber da decisão do ministro Alexandre de Moraes, Zambelli criticou a ordem de prisão preventiva expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota divulgada à imprensa, Zambelli classificou a decisão como “ilegal, inconstitucional e autoritária” e afirmou que pretende levar o caso a instâncias internacionais, conforme divulgou o g1.
“Nossa Constituição é clara: um deputado federal só pode ser preso em flagrante e por crime inafiançável. Nada disso ocorreu. Ainda assim, um único ministro decidiu, de forma monocrática, rasgar o devido processo legal, ignorar a imunidade parlamentar e violentar a democracia”, declarou a deputada.
Segundo ela, “o mundo precisa saber que, no Brasil, ministros do Supremo agem como imperadores, atropelando leis, calando vozes, destruindo famílias. Essa perseguição política está apenas começando a ser exposta”.
Dias após ter sido condenada a mais de dez anos de prisão por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli anunciou na terça-feira (3) ter fugido do país pela fronteira com a Argentina. Zambelli disse que estava em um país da Europa, mas segundo a assessoria da deputada, ela está na Flórida, nos Estados Unidos.
A decisão de Alexandre de Moraes atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determina não apenas a prisão preventiva de Zambelli, mas uma série de medidas cautelares com impacto direto sobre seus direitos e bens. Entre elas estão:
- 1 - O bloqueio de todos os passaportes, incluindo o diplomático que possui em razão do cargo de deputada;
- 2 - Suspensão de salários, verbas parlamentares, bens, contas bancárias e ativos digitais, incluindo transferências via PIX;
- 3 - Apreensão de veículos, embarcações e aeronaves eventualmente registrados em seu nome;
- 4 - Desativação de seus perfis e canais em redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok, LinkedIn, Gettr e X (ex-Twitter);
- 5 - Aplicação de multa diária de R$ 50 mil por publicações que reiterem as condutas consideradas criminosas;
- 6 - Solicitação formal à Interpol para inclusão de seu nome na “lista vermelha”, que facilita pedidos de captura internacional.
Ao rebater as acusações, Zambelli insistiu na tese de perseguição política e afirmou que buscará apoio fora do país: “denunciarei esse abuso, essa perseguição e essa escalada autoritária em todos os fóruns internacionais possíveis”.
A inclusão de seu nome na lista da Interpol poderá comprometer sua permanência nos Estados Unidos. O governo brasileiro, por meio da Polícia Federal, já foi acionado para dar início ao processo junto à organização internacional.