Brasil

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Concentração de gases de efeito estufa atingiu recorde histórico em 2023, alerta ONU

A concentração de dióxido de carbono aumentou mais de 10% em apenas duas décadas, aponta Organização Meteorológica Mundial

Da redação

Segunda - 28/10/2024 às 11:37



Foto: Arquivo/Agência Brasil A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera alcançou novos recordes
A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera alcançou novos recordes

Em documento publicado nesta segunda-feira (28/10), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera alcançou novos recordes em 2023, com o dióxido de carbono (CO2) se acumulando a uma taxa nunca antes vista na história. 

Em apenas duas décadas, os níveis de CO2 aumentaram em mais de 10%, refletindo uma aceleração alarmante para o clima ao lado do metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).

Segundo o documento, 2023, as concentrações de CO2 atingiram 420 partes por milhão (ppm), um aumento de 51% em relação aos níveis registrados antes da Revolução Industrial, quando o uso massivo de carvão, petróleo e gás começou. Além disso, gases poluentes de curta duração, mas altamente potentes, também registraram crescimento: o metano alcançou 1.934 partes por bilhão (ppb), 165% acima dos níveis pré-industriais, enquanto o óxido nitroso chegou a 336,9 ppb, um aumento de 25%.

De acordo com Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, para quem esses recordes devem “soar o alarme entre os tomadores de decisão”, é urgente limitar o aquecimento global a menos de 2°C, com esforços direcionados para não ultrapassar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, conforme o Acordo de Paris. 

“Estamos claramente fora do caminho para atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2C e almejar 1,5C acima dos níveis pré-industriais. Isso é mais do que apenas estatísticas. Cada parte por milhão e cada fração de grau de aumento de temperatura tem um impacto real em nossas vidas e em nosso planeta.”, destaca Saulo. 

O uso de combustíveis fósseis libera gases que aquecem o planeta, aumentando o risco de eventos climáticos extremos. Incêndios florestais, que liberam grandes quantidades de carbono, e a redução da capacidade dos oceanos e florestas de absorver CO2 são exemplos de retroalimentações climáticas que preocupam cientistas ambientais. 

Desaceleração não é suficiente 

Embora o crescimento das emissões globais tenha desacelerado ligeiramente na última década, Glen Peters, cientista do Cicero na Noruega, ressalta que as concentrações atmosféricas seguem em alta. Segundo ele, essa tendência levanta dúvidas sobre a eficácia dos sumidouros de carbono diante de um clima em transformação.

A última vez que a Terra registrou níveis de CO2 comparáveis aos atuais foi há milhões de anos, quando as temperaturas globais eram 2 a 3°C mais altas e o nível do mar estava até 20 metros acima.

A divulgação dos dados pela OMM ocorre às vésperas da conferência climática COP29, que será realizada no Azerbaijão, e segue um relatório do Programa Ambiental da ONU que projeta um aquecimento de até 3°C até o fim do século. Cientistas estimam que investimentos anuais entre US$ 1 e US$ 2 trilhões são necessários para alcançar emissões líquidas zero até 2050.

Fonte: Revista Forum

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