Atos do 19 de junho também contarão com mobilizações da Coalizão Negra por Direitos Para a articulação que reúne mais de 200 organizações do movimento negro, enquanto houver racismo, não haverá democracia No próximo sábado (19), a população brasileira deve ir novamente às ruas para impedir que Jair Messias Bolsonaro prossiga na presidência com seus atos de terror de Estado.
Essas mobilizações trazem a possibilidade de construção de uma unidade política estratégica no Brasil, que se apresenta com as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que se mostram potentes e profícuas. A Coalizão Negra por Direitos também convoca as mais de 200 organizações do movimento negro que compõem essa articulação para aderir aos atos. Mas, essa construção também deve considerar e só perdurará se houver a compreensão e o compromisso firmado em procurar ampliar os horizontes no sentido de assumir o enfrentamento ao racismo.
Afinal, enquanto houver racismo, não haverá democracia. Clique aqui e veja a programação dos atos. A Coalizão convoca a estarem nas ruas, no 19J, pelo “Fora, Bolsonaro”, todas as organizações negras e outras que tenham compromisso com a população negra e o povo brasileiro e com a luta contra o capitalismo racial. Com isso, que todos e todas entendam o enfrentamento ao racismo na centralidade da luta por dias melhores.
A articulação reforça a necessidade do devido atendimento aos protocolossanitários, como o uso de máscaras N95 ou PFF2 e o distanciamento social, o quanto mais possível. A união das forças populares de esquerda fará possível a reinvenção dos tempos, dos espaços e das articulações, na construção de um Brasil do Bem Viver. Isso só será possível por meio de uma aliança nacional do campo protagonizado por mulheres negras, LGBTQIA+ e indígenas. Esse caminho já está em curso e a luta para que a vida do povo não seja mais interrompida nem por bala, nem por fome, nem por Covid-19, muito menos por atropelos assustados em reuniões coloniais.
Vale lembrar que em abril de 2020, a Coalizão lançou o manifesto “Enquanto houver racismo, não haverá democracia”. As organizações e entidades tradicionais, cujas lideranças são brancas, precisam se colocar dispostas ao reconhecimento da legitimidade, tanto das lideranças negras que participam da construção dos atos, quanto das motivações que fizeram com que centenas de pessoas negras estivessem nas ruas, nos becos, vielas e favelas durante todo o período de pandemia fazendo política. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em seu levantamento mais recente, 29,8% dos domicílios chefiados por pessoas negras sofrem com insegurança alimentar, enquanto 14,4% dos lares chefiados por pessoas brancas padecem pelo mesmo problema.
Ademais, a política de morte relacionada à Segurança Pública se acentuou violentamente durante o período da pandemia, com as diversas operações policiais ilegais que ocorrem no Brasil. Justamente por conta desta ameaça da Covid-19 e da intensificação do processo de desvalorização da vida da população negra, a Coalizão Negra não teve outra alternativa e se manteve mobilizada desde o início da crise sanitária.
Em 2021, inclusive, foi o movimento negro quem inaugurou a onda de protestos no País. Imprensa Como reação ao massacre na favela do Jacarezinho, a Coalizão montou brigadas sanitárias e realizou mobilizações e atividades de rua. Nos dias 6 e 7 de maio, ocorreram manifestações no Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, o que culminou na realização do “13 de Maio de Lutas”, atos de rua em todo o Brasil, cujo eixo de reivindicação era “NEM BALA, NEM FOME, NEM COVID-19”.
As manifestações, cumprindo todo o protocolo sanitário, tiveram grande participação popular. Em uma noite de quinta-feira fria, em São Paulo, por exemplo, o protesto reuniu mais de 15 mil pessoas. Após estas mobilizações, foram realizados os atos do 29M (29/05). Além de todos estes pontos, a Coalizão Negra por Direitos também realiza, desde março de 2021, ações para enfrentar a fome, como a campanha “Tem Gente com Fome”.
A ação tem como objetivo atingir 226 mil famílias em todo o Brasil. A campanha se preocupa em distribuir alimentos de qualidade e orgânicos produzidos pela agricultura familiar, além de produtos de limpeza, produtos de higiene geral, pessoal, incluindo absorventes higiênicos. Mas, neste momento, ao se calcular os riscos entre “ficar em casa” e fazer mobilizações exclusivamente virtuais, e o risco de morte iminente da população negra em virtude da Covid19, das forças policiais ou de fome, as organizações decidem continuar nas ruas e apoiar o povo que luta pela vida.
Sobre a Coalizão Negra por Direitos A Coalizão Negra por Direitos reúne 200 organizações, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional. As entidades definem estratégias para intensificar o diálogo com o Congresso Nacional e com instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a pauta racial, além de fortalecer ações nos estados e municípios brasileiros nesse sentido.
Fonte: Luis Soares