Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, é apontado em investigações como um dos principais responsáveis pela máfia do monopólio dos cigarros ilegais do Rio. O RJ2 desta segunda-feira (1) mostrou que o grupo criminoso tem se expandido e já controla ao menos 45 dos 92 municípios do estado.
Ao longo dos últimos anos, o nome de Adilsinho também foi associado a:
Jogo do bicho;
Escolas de samba;
Clube de futebol;
Festa luxuosa no Copacabana Palace.
Jogo do Bicho
Adilsinho é apontado como controlador de parte do jogo do bicho em uma área importante da Região Metropolitana do Rio. Recentemente, segundo apurou a TV Globo, expandiu os negócios tomando áreas da Zona Sul, Centro e Zona Norte da capital, que eram controladas pelo bicheiro Bernardo Bello, que está foragido e teria perdido força no cenário.
No mundo da contravenção, Adilsinho defende a criação de uma "nova cúpula" do jogo do bicho. Assim como os antigos bicheiros, quer uma escola de samba pra chamar de sua. No mês passado, ele assumiu a presidência de honra do Salgueiro.
Um diálogo interceptado pela polícia indica, segundo investigados, o poder de Adilsinho no mundo do bicho e sua influência no negócio dos cigarros ilegais.
“Jogo de bicho, contravenção é família. É máfia. Maior máfia do Brasil. Não entra ninguém de fora", diz um dos homens apontado como comparsa do grupo.
"O cara tem uma moral do caralh*. Ele (Capitão Guimarães), quando entrou (na contravenção), lembrou Adilsinho, saiu matando os bicheiro todinhos (risos)”, responde outro.
Na conversa acima, apreendida pela polícia no celular de José Ricardo Simões, acusado de envolvimento na morte de Marquinhos Catiri, rival de Adilsinho, também fala sobre a ambição da máfia do cigarro e diz que o produto ilegal não interessa aos bicheiros da velha guarda, como Capitão Guimarães.
“Capitão Guimarães não se mete nisso, não, no cigarro. É tudo de Duque de Caxias”, diz.
Caxias é uma referência a Adilsinho, segundo a polícia - O bicheiro controla parte do jogo no município da Baixada.
No ano passado, seguranças de Adilsinho foram alvos de uma operação por suspeita de participação em 8 homicídios, no Rio e no Maranhão. Entre os crimes, está o assassinato de Catiri. Vários dos investigados são policiais.
Cigarro
Investigações da Polícia Civil e Federal apontam Adilsinho como homem por trás do monopólio da venda de cigarro ilegal no Rio. Os detalhes de como age a quadrilha da qual ele foi acusado de chefiar foram revelados por duas investigações recentes – do Gaeco, órgão do Ministério Público do Rio, e da Polícia Federal.
Nas operações “Smoke Free”, de novembro de 2022, e “Fumus”, em junho de 2021, quase 70 mandados de prisão foram expedidos pela Justiça. Entre os alvos, estavam Adilsinho e Cláudio Coutinho de Oliveira.
O advogado de Adilsinho afirmou que reitera a inocência do seu cliente.
Luxo e futebol
A receita para a notoriedade também inclui luxo e futebol. Em 2010, Adilsinho fundou um clube – o Clube Atlético Barra da Tijuca, agremiação que chegou a disputar divisões inferiores do campeonato estadual. No Atlético, Adilsinho, além de fundador, também atuou como jogador e batedor oficial de pênaltis.
Em 2021, durante a pandemia de Covid-19, uma festa dele no Copacabana Palace chamou a atenção pela aglomeração, em tempos de distanciamento social, e pela lista de convidados ilustres. No convite da festa de 51 anos, foi usada a trilha do filme "Poderoso Chefão", que retrata a máfia italiana (veja na reportagem acima, de junho de 2021). Famosos como Ludmilla, Gusttavo Lima, Alexandre Pires e Mumuzinho foram contratados para cantar no evento. A festa custou R$ 4 milhões, segundo apuração da TV Globo.
Defesa alega inocência
Procurada pela TV Globo, a defesa afirmou apenas que "reitera a inocência" de Adilsinho.
Fonte: Tv globo, G1