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POTÊNCIA ENERGÉTICA

Com 673 empreendimentos, o Piauí é o 4º no país em expansão energética

A energia, sobretudo a energia renovável, pode ser um vetor de desenvolvimento para o estado do Piauí

Cintia Lucas

Quarta - 15/11/2023 às 14:15



Foto: Divulgação Energia eólica
Energia eólica

Teresina (PI) - O Piauí é o quarto estado do país em expansão de energias solar e eólica com 460,9 MW. Ao todo, o estado soma 673 empreendimentos, sendo 174 de energia eólica com uma potência outorgada de 6.882850 KW. Na produção de energia solar, são 481 empreendimentos e potência outorgada de 19.862.746 KW.

As informações são do governo estadual e no relatório da Aneel, o Piauí segue com uma hidrelétrica, com potência outorgada de 237.300 KW. Na produção de termelétrica, são 17 empreendimentos no estado, com potência outorgada de 45.506 KW.

Segundo o professor-doutor e diretor do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Marcos Lira, a energia, sobretudo a energia renovável, pode ser um vetor de desenvolvimento para o estado do Piauí. Para ele, não há dúvida que as energias renováveis se configuram como vetores de desenvolvimento, por serem uma energia limpa.

“Então, você tem um aspecto ambiental aí, porque você está contribuindo com a redução da emissão de gás, de efeito estufa, das fontes convencionais, sobretudo termo elétrico, petróleo, gás e carvão. Você tem uma dimensão econômica naquelas regiões que recebem as grandes usinas eólicas e usinas solares, existe na etapa da construção dessas usinas um aumento, um crescimento do ponto de vista da movimentação econômica daquela região”, disse o professor-doutor.

Marcos Lira também vê uma dimensão social relacionada à expansão energética, principalmente em projetos menores que usam tecnologias energeticamente sustentáveis em comunidades de zona rural, comunidades no semi-árido.

ENERGIA SOLAR NO PIAUÍ 

“Esse desenvolvimento é viável se a gente pensar nessa expansão, e quando a gente fala em expansão de energia renovável no Piauí, é preciso que a gente tenha políticas públicas voltadas para essa expansão, mas precisa também a entrada em ação, entrada em cena de outros atores, como instituições de ensino, sociedade civil organizada e outros organismos que viabilizem essa esta difusão, principalmente políticas públicas para difundir esse uso”, afirma o professor-doutor.

Conforme balanço da Aneel, o Piauí tem 444 empreendimentos, cuja construção ainda não foi iniciada, sendo 48 de energia eólica e 396 de energia fotovoltaica. Juntos, a potência outorgada soma 19.597.786. Em construção, são 52 empreendimentos, sendo 17 usinas eólicas e 36 usinas fotovoltaicas, com potência de 2.048.373 KW.

O professor Marcos Lira afirma que a quantificação energética por estado já é uma realidade, inclusive, existem rankings nacionais onde o Piauí figura neles. Por exemplo, o estado do Piauí é o quarto maior produtor de energia solar, é o quarto maior produtor de energia eólica. O sistema é interligado nacionalmente, o Piauí tem grandes quantidades de usina fotovoltaica, usina eólica, isso significa dizer que o Piauí é energeticamente desenvolvido, porque grande parte dessa energia, gerada em usinas solares, usinas eólicas, vai abastecer outros centros urbanos.

“A energia que está sendo gerada aqui pode estar sendo utilizada para abastecer um empreendimento em Minas Gerais, em São Paulo, na Bahia, no Ceará, no Tocantins e vice-versa, a energia que está sendo gerada no Goiás pode estar abastecendo o estado do Piauí em algum momento, então, o sistema é dinâmico, o sistema é conectado e permite esse escoamento da energia entre as unidades da federação então a quantificação, o ranqueamento feito por estado já existe hoje quando a gente olha para a matriz elétrica brasileira”, disse o professor da UFPI.

Sobre os benefícios das energias renováveis para o meio ambiente, Marcos Lira destaca que elas adiam a construção de novas hidrelétricas, de novas termelétricas. Em um contexto em que é preciso que haja investimento cada vez maior em energia para uma população que só aumenta, o mecanismo convencional de atender essa demanda é construir hidrelétricas, construir termelétricas.

“Quando há uma substituição dessa energia a partir de energia eólica, energia solar, energia de biomassa, você está adiando a construção de novas hidrelétricas, novas termelétricas, sobretudo termelétricas que, além de ser uma energia extremamente cara, comparada com outras fontes, é uma energia que tem um altíssimo índice de emissão de gases de efeito estufa. Então, do ponto de vista ambiental, é uma contribuição significativa porque você, ao investir em energias renováveis está reduzindo a quantidade de emissão de gás de efeito estufa na atmosfera”, afirma Marcos Lira.

PIAUÍ PODE CHEGAR A SEGUNDO NO RANKING

Segundo o professor-doutor da UFPI, Marcos Lira, o governo do Estado tem se preocupado em viabilizar a vinda de mais empreendimentos nesse segmento de energias renováveis. Em um médio intervalo de tempo, ele arriscaria dizer que até final de 2004, o Piauí já vai configurar talvez em segundo lugar na geração de energia eólica, em segundo lugar, na geração de energia solar.

“Isso é um dado factível pelo que a gente tem de empreendimentos em vias de serem construídos, empreendimentos que já foram outorgados, mas que não tiveram a construção ainda iniciada. Então, a expectativa é grande e coloca de vez o Piauí no cenário de geração das fontes renováveis de energia eólica. Energia, em termos de regulação, o estado do Piauí já tinha uma regulação voltada para energia solar, mais recentemente, um projeto de lei do deputado Fábio Novo tem uma legislação também voltada para energias renováveis, então, a gente já tem uma legislação do estado, embora seja uma legislação frágil, mas a gente tem uma legislação no escopo nacional, que é um guarda-chuva quando a gente fala desse tipo de energia”, disse o professor-doutor.

Uma nova perspectiva de crescimento, sobretudo, da energia eólica, seria a instalação dentro do mar. O Piauí é um grande potencial para esse tipo de geração. O Ceará e no Rio Grande do Norte já tem um movimento muito intenso para esse tipo de instalação dentro do mar, e o Piauí logo vai ter que adentrar nessa agenda, se realmente quiser se engajar no crescimento.

OS NÚMEROS NO PAÍS

O Brasil superou a marca de 7 gigawatts (GW) de capacidade instalada em 2023, finalizando o mês de setembro com 7.136,5 megawatts (MW), que provém de 208 usinas inauguradas este ano. De acordo com levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as plantas eólicas e solares somam 89,2% da capacidade instalada no ano, com 6.366,3 MW.

As usinas com operação iniciadas este ano estão em 18 estados de todas as regiões brasileiras. Entre os maiores resultados até agora são os estados de Minas Gerais (1.815, 7 MW), Rio Grande do Norte (1.778,5) e Bahia (1.775,3 MW). Somente em setembro, o Rio Grande do Norte obteve o maior salto, de 114,0 MW, e São Paulo obteve a segunda maior expansão, com 40,1 MW.

Conforme dados do Sistema de Informação de Geração da Aneel (Siga), neste mês, o Brasil somou 195.718,1 MW de potência fiscalizada. Desse total em operação, ainda de acordo com o Siga, 83,8% das usinas são consideradas renováveis.

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Cintia Lucas

Cintia Lucas

Cintia Lucas é jornalista formada pela Universidade Federal do Piauí e mestra em Comunicação pela mesma instituição. A coluna vai abordar os bastidores da notícia, com foco em temas de interesse público. Contato: cintialuc1@hotmail.com

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