Proa & Prosa

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Ruas acenam à vida

As ruas se movem, da cor da esperança na vida.

Fonseca Neto

Terça - 01/06/2021 às 17:07



Foto: Reprodução/Facebook Grupo Vagão nas ruas do Centro de Teresina
Grupo Vagão nas ruas do Centro de Teresina

Abrindo ruas à liberdade. Ou o dever de ser livre retomando o seu leito histórico contra a tirania, as ruas. 

Os que fazem do matar e do morrer sinal e ação de sua política, ensaiam aumentar a compulsão letal insana de seu mando. As ruas os detenham. 

Ruas: arminhas simbólicas como pedagogia intimidatória contra a sociedade e pesadas armas matando os diferentes, parecem desmedrontar as galeras filhas do chão dos operários e dos terreiros de todo chão. Ruas de novo revoltas pela paz.  

As ruas se movem, da cor da esperança na vida. Da cor dos que não amarelam servindo de acólitos a ditadorecos viçosos. Movem-se da cor do amor, da cor puxada da Cruz de Cristo dos lusos, despojada por repúblicos escravistas em dois 89 fora.  

As ruas brasileiras fazem um aceno à vida. Um inadiável chega pra lá no golpismo da extrema-direita e seu aconchego com a morte. Um sinal de enfrentamento popular contra a violência manifesta neste tempo de morticínio.

Levados ao canto do ringue da luta social por injunções de várias espécies, milhares da população foram às ruas neste sábado, 29 de maio. Todos protestando contra o morrer e o matar significados no regime e governo extremistas que se impuseram ao país.

É mobilização necessária e urgente, porque a mortandade tem caráter inexorável para os que tombam, derrotados, pela doença terrível. E também pela vontade dos que politicamente querem a prorrogação do desastre e de sua violência.

Sem protestos populares maciços (a) não se barrará o golpe nas instituições que, também nas ruas, há quem por ele proteste. (b) Não se cultivará o ideal e alcançará a prática democrática, já na formação brasileira algo que não faz a cabeça e coração de muitos. (c) Não se deterá o estado policial e sua violência ilegal, agora aumentados pelos milhares de quadros militares colocados à frente dos cargos públicos da direção da Administração civil, cada vez menos republicana. 

(d) Não se barrará a derrocada, de vez, por exemplo, da engenharia judiciária, instrumento, mas também alvo fácil do golpismo. O pacto de 1988 foi gravemente ferido, e de sua “cura” é o que se trata nesta conjuntura. (e) Não se alcançará a vacina para todos: talvez a mais abjeta disputa comercial-lucrativa na bacia da morte que se tenha visto. Covid cria, célere, novos bilionários.  

Na rua calada da voz dos que amam a vida, paz, liberdade, justiça, a impostura reinará absoluta. 

No deserto das ruas, no burburinho das horas solares e vibrantes, ou no silêncio das noites longas e lentas, o monstro da violência se insinua indomável, instabiliza o viver pessoal e as trocas solidárias.

Na rua acossada e medrosa do vírus vibrou a coragem de enfrentar a outra pestilência grave movida pelos bolsos inimigos da paz e cultores da fome, esta outra tortura. Inimigos que pensam abater os famélicos nas próprias ruas quando se levantarem exercendo o direito inalienável à insurgência. 

Ruas que andavam caladas de trabalhadores em jornadas de liberdade contra o jugo da ditadura patronal, que esfola operário e porque é de sua história extrair suor e sangue dos que a ela servem. 

Trabalhadores indo pra rua dizer que ainda existe. Que não se tornaram “colaboradores”, conforme brada a voz neoliberal por seus meios e régulos de sua comunicação.   

Jovens despertam para a ameaça da monstruosidade que hegemoniza a política neste instante. Muitos já descobrindo que sua geração é enganada pela “corrupção dos tolos” (JS) praticada ao máximo pela colossal corrupção dos espertos. 

De exílio covidiário dentro de casa, às ruas, a força que barrará o roubo do futuro. A força que deterá a grande fogueira amazônica, hecatombe humanitária que incensa a pilhagem do capital literalmente sujo. 

A força que fechará a porteira infamante da passagem da boiada e do envenenamento de milhões pelo agro que “é tóxico”. 

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Fonseca Neto

Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.

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