A troca de presentes é um traço comum da Humanidade, existente em todas as civilizações. É marco de respeito, admiração e afeto entre as pessoas, representando não o valor físico do que é dado como regalo, mas o sentimento que desperta o ato de lembrar e ser lembrado.
No mundo cristão, o presente por ocasião do Natal carrega ainda o significado religioso e espiritual, decorrente da tradição de que os reis magos levaram presentes para o Menino Jesus: ouro, incenso e mirra, traduzindo-se eles em nobreza, a condição divina do Cristo e sua humanidade, que tanto pode ser entendida como fortaleza quanto fraqueza.
O presente, assim, sob o ponto de vista cristão, na especial data natalina, precisa carregar muito mais do que seu peso e forma material. Pode e deve ser uma manifestação do carinho, expresso pelo tempo que se dedica à escolha, porque fazemos isso pensando sobre os gostos pessoais da pessoa, sobre a utilidade do que será dado, sobre a emoção positiva que o presente vai causar. Nada de simplesmente dar algo material. Se assim fosse bastava um pix na conta de quem você quer presentear.
Dinheiro, assim, não é presente – embora dá-lo a quem precisa, sobretudo no Natal, possa representar também uma forma de demonstrar afeto e preocupação. Assim, o presente, embora possa ser financeiramente adquirido, deve conter bem mais que o valor monetário, porque simplesmente pode ser dado sem que se meta a mão no bolso ou se gaste muito pouco.
Presente pode ser perdoar ou pedir perdão; visitar uma pessoa idosa, pois a velhice é carregada de solidão; doar seu tempo para ajudar um amigo; escrever cartões físicos desejando alegria e felicidade no Natal durante todo o ano que vai começar e despachar pelo Correio, portal o espírito natalino representa bem menos dar presente e bem mais estar presente junto às pessoas.
E por que fazer do tempo e de nossa presença os presentes mais especiais que aqueles adquiridos financeiramente? Afinal, como sugeriu o escritor inglês Charles Dickens, no clássico “Um conto de Natal”, a “vida mortal é curta demais para possibilidades tão grandes de aplicação”.