Um dos ditados mais antigos que conheço diz que mais vale um amigo na praça que dinheiro no caixa. Trata-se de sabedoria popular a dar uma dimensão física e monetária a um valor intangível, que é a amizade.
Não há preço possível para as relações de amizade, assim como a valoração não se pode estabelecer pela métrica pecuniária, ainda que a Sócrates se atribua a assertiva de que o amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele.
Seja como for, de tão maravilhosamente rica, a amizade se deve guardar do lado esquerdo dentro do coração, como ensinou Milton Nascimento, ou talvez porque como percebeu o poeta Mário Quintana, a amizade é o amor que nunca morre”.
Mas mesmo sendo imensurável e imorrível, parece razoável que a gente possa estabelecer um valor para a amizade.
Vejamos, por exemplo, que há inúmeros estudos médico-científicos que estabelecem uma relação entre melhor saúde e amizade. Todos a demonstrar que quem tem amigos consegue manter uma saúde física e mental melhor que aqueles que não estabelece elos amistosos no seu entorno.
Um estudo da Universidade de Chicago identificou que pessoas sem amigos têm menor taxa de imunidade e, portanto, estão mais propensas a adoecer. Outra pesquisa, da Brigham Young University, também nos EUA, mostrou que pessoas sem amigos podem ter a expectativa de vida reduzida na mesma medida de fumantes e alcoólatras.
Se na saúde ter amigos pode te fazer bem, reduzindo até os riscos de depressão, segundo pesquisa da Universidade do Maine (EUA), pode ser também vantajosa a amizade para nosso sucesso profissional – ou seja, a amizade é um ativo para alavancar carreiras.
O site de empregos Comparably fez uma pesquisa ampla com 33 mil funcionários da indústria de tecnologia e constatou que ter amigos no trabalho é, além de chave para a sua felicidade pessoal, vital para uma carreira de sucesso.
Os estudos científicos e pesquisas amplas em um largo espectro de pessoas no mercado de trabalho mostram que somente existem vantagens em se ter amigos, em se cultivar esse sentimento de afeto, que é capaz de produzir reações químicas em nossas mentes, com maior produção da serotonina, que nos faz mais felizes, confiantes e capazes de lidar com os problemas.
Mas será que tudo o que foi posto até aqui é apenas resultado dos modismos científicos ou produto de especulações para a exposição de dados atraentes para prender a atenção da audiência em espaços midiáticos? Pode parecer que sim, mas cada um de nós é realmente capaz de medir os valores, os efeitos positivos, o quão nossas amizades podem interferir em nossa saúde física e mensal, concorrer para nosso sucesso profissional, nos salvar de situações de estresse, nos impedir de cometer uma ou sucessivas besteiras.
Qualquer um de nós, principalmente os que já acumulam mais anos, experiências e memórias, será capaz de contar um sem-número de situações em que, pela ação de um amigo, salvou-se de uma situação ruim, seja pessoal ou profissional, seja em que se está diretamente envolvido, seja em algo que se envolve pessoa de nosso círculo de afeto.
Há um valor não mensurável, um tesouro desmedido, no fato de que as nossas amizades podem nos conduzir à alegria, à paz de espírito, ao sucesso que se divide porque foi construído no espaço da amizade ou pela atuação dos amigos. E como a cereja do bolo, ainda há nas boas, verdadeiras e consolidadas amizades as memórias, as quais nos fazem rir de nós mesmos e nos dizem que, sim, evoluímos – e isso graças aos amigos de fé e de uma vida inteira.
É realmente uma razão máxima de contentamento para eu hoje escrever sobre a amizade como um valor máximo para a vida. Tenho muitos amigos, não os posso contar nem os posso classificar. São amigos e ponto final, com defeitos e qualidades – mais virtudes que embustes – e isso faz da amizade também uma beleza, porque como está na canção de Roberto Carlos amigo diz as verdades com frases abertas e bem por isso é o mais certo nas horas incertas.
Álvaro Mota
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