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Lições de Santo Ivo


Homenagem a Santo Ivo

Homenagem a Santo Ivo Foto: Divulgação

A história é bem conhecida de advogados: um homem rico acusa um pobre de aspirar o sabor dos assados de sua cozinha e, nessa condição, de o tê-lo prejudicado. Dada causa a julgamento, o defensor do homem pobre lança ao chão moedas de prata e propõe aos julgadores que o tilintar puro do metal ouvido pelo reclamante para o bom odor aspirado pelo reclamado. Causa ganha, com efeito, pelo homem pobre.
A história mistura uma sabedoria salomônica com lenda e diz muito do protagonista da narrativa, Santo Ivo, o padroeiro da Advocacia, cujo decálogo muito conhecido de todos pode e deve orientar a prática do Direito, mesmo em nossos dias em que há tantos modos de encarar lides jurídica, tal a quantidade e variedade de demandas em curso nos espaços forenses ou mesmo fora deles.
Como convivemos em um mundo de diversidade, inclusive de fé religiosa, os ensinamentos de Santo Ivo podem ser apreendidos não pelo caráter católico de sua existência, mas pela força moral e ética que cabem em qualquer crença ou mesmo na ausência de fé.
Vejamos o exemplo da oração de Santo Ivo, que o preconiza como “apóstolo da caridade e defensor da justiça”. Quem em sã consciência, tenha a fé que tiver ou não tenha fé alguma, poderá se postar em oposição à caridade e à justiça? Mais ainda, como diz a oração: quem poderá ser contrário ao imperativo do amor e à iluminação dos juízes e advogados para que suas decisões, ações e ensinamentos se afastem da equidade e da retidão?
Tem-se, assim, em Santo Ivo, bem mais que manifestação de fé católica expressa em sua oração, na qual propugnam-se que homens e mulheres responsáveis pelo exercício do Direito, o façam buscando a justiça e a paz, sempre agindo em defesa e amparo aos fracos e desprotegidos, de tal modo que se evitem prosperar o mal e a injustiça.
Esse é um caminho que cada um pode escolher para si no exercício da Advocacia e creio que é o norte pelo qual se guia a maioria de nós advogados, orientados pelos conselhos de Santo Ivo, presidentes em seu Decálogo, o qual sempre me vem à mente como meio de busca da equidade e retidão sugeridas na oração do padroeiro da advocacia.
Em seu Decálogo, já citado, tomo para mim todas as lições, mas penso que para os dias atuais cabe sempre lembrar o item oitavo: “o advogado deve amar a justiça e a honradez tanto como as meninas dos olhos”, de tal sorte que o profissional deva buscar a Justiça não como conquista, mas sim como o fito de sua ação em favor do cliente.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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