Olhe Direito!

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Falsa ideia de progresso

O que é progresso econômico e social muita gente pode responder, de modo satisfatório ou não

Alváro Mota

Quinta - 05/12/2019 às 10:23



Foto: Divulgação/CNI industria
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O que é progresso econômico e social? Essa pergunta eu ouço faz bastante tempo e nunca há uma resposta completa, precisa ou satisfatória. Por isso, resolvi refazer a pergunta, com um viés de negação: o que não é progresso social e econômico. Notem os leitores que trouxe o social para antes do econômico no refazimento da inquirição e tenho razões para isso.

O que é progresso econômico e social muita gente pode responder, de modo satisfatório ou não, com dados de crescimento da economia em uma região, a partir do surgimento de grandes empreendimentos industriais, de turismo, de comércio, de agricultura e pecuária intensivas etc. Daí tem-se um boom de riqueza, com grandes obras viárias e outras infraestruturas e, do ponto de vista aparente, se chegou ao progresso.

Mas agora vamos pensar sobre o que não seria progresso social e econômico… Será preciso fazer uma lista de coisas que nos impedem de ver avanços se numa relação de perdas e danos, de custo e benefício se estabelece um desequilíbrio.

Como sempre gosto de olhar ao meu derredor, penso em minha terra para enxergar progressos sociais e econômicos ou a inexistência deles. Temos no Piauí um mundo de demandas a serem atendidas, as quais exigem elevados volumes de investimentos ou soluções engenhosas que tenham menor custo financeiro. O atendimento a essas demandas pode e deve resultas em crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida, sem que necessariamente a gente precise estar imbuído por uma falsa ideia de progresso.

Parece um pouco confuso e incongruente tal afirmação. Não é. Isso porque a ideia de grandes investimentos em indústrias de base ou a instalação de gigantescos empreendimentos, sem embargo da existência deles, não pode ser a única visão de progresso social e econômico. Há algo bem mais simples, baseado na pulverização da atividade econômica, capilarizada em todo uma região, com empreendimentos que se utilizem de conhecimento para maior produtividade em uma economia tanto diversificada quanto competitiva, ambiental e socialmente sustentável.

O progresso social e econômico, assim, baseia-se em um número cada vez maior de pessoas com sua capacidade produtiva aproveitada, o que lhes confere rendimentos financeiros ou não-financeiros, em segmentos econômicos os mais variados, que atuam em colaboração e com elevada responsabilidade socioambiental, de modo a garantir que as gerações futuras herdem não apenas maior riqueza material construída pela ação humana, mas, sobretudo, a riqueza dos recursos naturais preservados e racionalmente utilizados em favor de todos.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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