Olhe Direito!

Amar a cidade


Ponte Estaiada

Ponte Estaiada Foto: Rômulo Piauilino

A cidade é uma das maiores invenções humanas. Desde que o homem se descobriu capaz de cultivar a terra e de dominar quatro os elementos (água, ar, fogo e terra), foi a cidade que se fez como uma das mais antigas e até hoje um bem-sucedida organização social humana.

Durante anos, as cidades foram o que de mais perto tivemos como uma organização política, o estado por assim dizer. As cidades-estado seguiram como entidades políticas essenciais desde a Antiguidade até parte da Idade Moderna, prevalecendo na Península Italiana, por exemplo.

Foi na cidade que surgiram as corporações de ofício na Europa Moderna e daí a burguesia. A história parece registrar que esse foi um passo importante para a formação de estados maiores, centralizados e é evidente que baseados nas maiores cidades.

Isso posto, a gente pode dizer que pensar na cidade em primeiro lugar é importante demais para o bem do país. Parece um lugar-comum dos municipalistas brasileiros dizer que as pessoas não moram no estado ou no país, mas nos municípios. Inegável, então, que a primeira das preocupações das pessoas seja com a cidade, muitas vezes com somente parte delas.

A ideia de morar na cidade e não num espaço geográfico maior nos leva a considerar que é preciso amar a cidade. Como quem ama, cuida, nosso papel nestes tempos eleitorais é, sem dúvida, o de exprimir o ato de amar e de cuida pela via do voto. Nisso consiste em fazer a escolha que julgamos a mais adequada para gerir nosso espaço de morada pelos próximos quatro anos.

A escolha de dirigentes das cidades (prefeitos e vereadores), assim, não poderá nem deverá ser feita de qualquer jeito. Aliás, aqui cabe a gente lembrar que a escolha pelo voto é, sim, um direito, mas dentro disso, uma obrigação, ou seja, temos o direito de escolha, mas a obrigação de escolher bem, sempre mais orientados pelo interesse público que pelo nosso próprio interesse.

É claro que as pessoas se movem também em razão de seus próprios interesses, mas o amor à cidade deve nos levar mitigar a importância daquilo o que nós mesmos queremos em favor do que quer a maioria. Neste caso, é realmente até mais fácil o exercício de escolha, considerando que todos nós temos a compreensão do que é melhor para o lugar em que vivemos. Sabemos quais as coisas devem ser feitas primeiro e quais aquelas que nem precisam ser feitas.

Assim, a escolha que vamos fazer é determinante na qualidade de vida que teremos no futuro breve e no futuro longo. Se realmente amamos a cidade, de certo iremos fazer por ela as melhores escolhas. Já se agimos com o egoismo de escolher em face de nós mesmo e não de todo o resto, nosso amor pela cidade não é se não uma falta de sentimento de afeto.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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