Vivemos na era da gratificação instantânea, impulsionada pela onipresença das redes sociais e da cultura digital. A busca incessante por novidades, curtidas e compartilhamentos nos mantém em um ciclo vicioso de dopamina e adrenalina, moldando nossos cérebros e alterando nossa percepção do tempo, espaço e atenção.
Essa realidade é evidente até mesmo no jornalismo esportivo, como exemplificado pela entrevista apressada com a ginasta Simone Biles após sua conquista olímpica. A ânsia por informações imediatas e a pressão por audiência muitas vezes atropelam o momento de celebração e reflexão dos atletas, evidenciando a distorção do tempo e da atenção promovida pelo imediatismo.
Essa cultura digital, com seu fluxo constante de informações superficiais e estímulos rápidos, interfere diretamente em nosso sistema nervoso. A diminuição da serotonina, neurotransmissor responsável pelo bem-estar e regulação do humor, e o aumento da dopamina, associada à recompensa e ao prazer imediato, criam um desequilíbrio que nos torna mais impulsivos, ansiosos e menos capazes de apreciar o momento presente.
A noradrenalina, que nos mantém alertas e focados, e a adrenalina, que nos prepara para a ação, são liberadas em excesso, mantendo-nos em constante estado de alerta e estresse. Essa sobrecarga de neurotransmissores, associada à desregulação de outros como histamina, GABA e glutamato, afeta diversas funções cerebrais, incluindo a memória, o aprendizado e a tomada de decisões.
Estudos de neuroimagem demonstram que o uso excessivo de telas e a exposição constante a estímulos digitais alteram a morfologia cerebral. Regiões como o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas, como planejamento, controle de impulsos e atenção, apresentam atividade reduzida. O córtex cingulado anterior, envolvido na regulação emocional e na detecção de erros, também é afetado, assim como o hipocampo, essencial para a formação de memórias e a navegação espacial.
Essas alterações cerebrais se traduzem em dificuldades de concentração, impulsividade, ansiedade e falta de foco. O imediatismo digital nos torna reféns do presente, incapazes de planejar o futuro ou aprender com o passado. A busca incessante por novidades e a incapacidade de aprofundar o conhecimento nos tornam superficiais e vulneráveis à manipulação.
É preciso repensar nossa relação com a tecnologia e o tempo. Desacelerar, desconectar e buscar atividades que promovam o bem-estar e a conexão humana são essenciais e prioridades para contrabalancear os efeitos nocivos do imediatismo digital.