Filosofia de Vida

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FILOSOFIA DE VIDA

Simone Biles: O Imediatismo Digital e a Corrosão do Tempo

Essa cultura digital, com seu fluxo constante de informações superficiais e estímulos rápidos, interfere diretamente em nosso sistema nervoso.

Fabiano de Abreu

Segunda - 05/08/2024 às 18:32



Foto: Divulgação Simone Biles
Simone Biles

Vivemos na era da gratificação instantânea, impulsionada pela onipresença das redes sociais e da cultura digital. A busca incessante por novidades, curtidas e compartilhamentos nos mantém em um ciclo vicioso de dopamina e adrenalina, moldando nossos cérebros e alterando nossa percepção do tempo, espaço e atenção.

Essa realidade é evidente até mesmo no jornalismo esportivo, como exemplificado pela entrevista apressada com a ginasta Simone Biles após sua conquista olímpica. A ânsia por informações imediatas e a pressão por audiência muitas vezes atropelam o momento de celebração e reflexão dos atletas, evidenciando a distorção do tempo e da atenção promovida pelo imediatismo.

Essa cultura digital, com seu fluxo constante de informações superficiais e estímulos rápidos, interfere diretamente em nosso sistema nervoso. A diminuição da serotonina, neurotransmissor responsável pelo bem-estar e regulação do humor, e o aumento da dopamina, associada à recompensa e ao prazer imediato, criam um desequilíbrio que nos torna mais impulsivos, ansiosos e menos capazes de apreciar o momento presente.

A noradrenalina, que nos mantém alertas e focados, e a adrenalina, que nos prepara para a ação, são liberadas em excesso, mantendo-nos em constante estado de alerta e estresse. Essa sobrecarga de neurotransmissores, associada à desregulação de outros como histamina, GABA e glutamato, afeta diversas funções cerebrais, incluindo a memória, o aprendizado e a tomada de decisões.

Estudos de neuroimagem demonstram que o uso excessivo de telas e a exposição constante a estímulos digitais alteram a morfologia cerebral. Regiões como o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas, como planejamento, controle de impulsos e atenção, apresentam atividade reduzida. O córtex cingulado anterior, envolvido na regulação emocional e na detecção de erros, também é afetado, assim como o hipocampo, essencial para a formação de memórias e a navegação espacial.

Essas alterações cerebrais se traduzem em dificuldades de concentração, impulsividade, ansiedade e falta de foco. O imediatismo digital nos torna reféns do presente, incapazes de planejar o futuro ou aprender com o passado. A busca incessante por novidades e a incapacidade de aprofundar o conhecimento nos tornam superficiais e vulneráveis à manipulação.

É preciso  repensar nossa relação com a tecnologia e o tempo. Desacelerar, desconectar e buscar atividades que promovam o bem-estar e a conexão humana são essenciais e prioridades para contrabalancear os efeitos nocivos do imediatismo digital.

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu

Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências; Mestre em Psicologia; Mestre em Psicanálise com formações em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filósofo, Jornalista, Especialização em Programação em Python, Inteligência Artificial e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latinoamericanos; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador cientista na Universidad Santander de México, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da FENS, Federação Européia de Neurociências; Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.
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