Deu no G1: "Petrópolis, na Região Serrana, confirmou nesta segunda-feira (21) 178 mortes causadas pelas chuvas que devastaram a cidade no último dia 15. Com isso, a tragédia igualou em números de óbitos o pior desastre já registrado pela Defesa Civil no município".
As imagens das TVs mostraram pessoas que perderam, além da casa e dos móveis, vários familiares. A um homem, que perdeu esposa grávida e uma criança de apenas cinco anos, restou somente um filho de onze anos. Como vai recomeçar a vida?
O que vemos todas as noites nos noticiários são batalhões de pessoas, homens e mulheres, trabalhando junto à Defesa Civil e os bombeiros, nas escavações pela busca de corpos.
O fluxo de motos por terrenos acidentados carregando alimentos e água é incessante. Trabalho sem nenhuma paga.
Pequenos restaurantes, bares e microempresários preparam quentinhas para serem distribuídas aos que tudo perderam e aos que trabalham nas escavações.
Organizações não governamentais, como a CUFA, Central Única das Favelas, composta por voluntários, coleta e distribui doações.
Tudo isso demonstra que, em tragédias como essa, é o pobre que prática solidariedade. Mas parece que é só.
Nossos valorosos soldados aparecem às vezes, mas não se sujam de lama para colaborar nos resgates.
Posso estar sendo injusto por desconhecimento, mas não é visto nenhum caminhão de distribuição de alimentos, vestuário ou móveis com logos de grandes redes de supermercados, atacadistas, lojas de roupas ou de móveis e eletrodomésticos. Esse é um triste e perverso reflexo da desigualdade social do país.
Pode estar havendo doações de empresas ou ricos anônimos, quem sabe? Mas quem doa mesmo é pobre.
A TV mostrou um grande caminhão da Igreja Adventista fazendo doações e uma mulher disse que do poder público não recebeu nada, somente de um pastor.
Costumo generalizar que pastores existem somente para ludibriar a fé dos pobres e tirar-lhes o pouco dinheiro que têm, mas devo reconhecer que algumas igrejas estão se mobilizando também.
O presidente Bolsonaro foi para a região e, desta vez guardou para si a opinião que expressou na tragédia de São Paulo de que pobre mora em área de risco porque escolhe mal.
Estamos assistindo a uma histórica mudança climática que se manifesta de maneira acelerada, embora negacionistas adeptos desse governo de morte, ainda insistam em negá-la.
As tragédias de Minas Gerais, Bahia, São Paulo e agora, Rio de Janeiro, foram enormes, mas ainda, apesar da população pobre estar enfrentando dificuldades como desemprego, alta de alimentos, gasolina, luz e gás, é possível ver a mobilização e a solidariedade.
Mas, até quando?
É hora do poder público se movimentar e traçar um planejamento de ações visando minimizar ou mitigar estragos e mortes futuros e criar fundos de recursos captados de grandes empresas que se esquivam de fazer doações nas horas em que as pessoas mais precisam. E é preciso exigir que essas empresas ofereçam emprego a quem perdeu tudo para que possam com seu trabalho tentar recuperar seus bens.
E basta de dizer que ninguém poderia prever que a chuva iria ser tão volumosa.
Isso é indigno para qualquer governante.