Blog do Brandão

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Brasil vive época de falso-moralismo cínico, nojento e muito perigoso

A hipocrisia ajuda criar e manter movimentos liderados por falsos-moralistas

Luiz Brandão

Sexta - 20/12/2019 às 02:55



Foto: G1 O Zezão nazista de Cuiabá
O Zezão nazista de Cuiabá

Está em moda no Brasil de hoje um grande, cínico, nojento e perigoso falso moralismo, pareado a uma grande e asquerosa demonstração de hipocrisia. Esses "defeitos humanos" estão aparecendo como nunca e com força, sem qualquer disfarce ou constrangimento.

Virou rotina no país o "é isso mesmo, é desse jeito! Quem manda aqui sou eu e tem de ser do meu jeito! Quem não gostar que se dane e suma!".

O pior de tudo é que esse jeito de ser vem sendo aceito como normal em casa, na praça, no trabalho; na repartição pública, na escola e em quase todos os lugares. Trata-se de algo absurdo, é claro, mas em plena evidência.

Nestes "tempos estranhos", como diz o ministro Março Aurélio Melo, do STF, tenho ouvido e visto pessoas se gabando de ser "apolítico", "apartidário" e "sou técnico, não estou nem pra política ou governo". Uma mentira para o sujeito tentar fugir de qualquer discussão os responsabilidade que possa colocar em risco sua zona de conforto e sua verdadeira personalidade e caráter. Mas é bom lembrar que quem não diz o que pensa é covarde.

Esses "só técnicos", em geral, são muito oportunistas, ambiciosos, egocêntricos e egoístas. Só pensam  neles mesmos e no que interessa a eles. "Os outros que se danem. Eu faço a minha obrigação e pronto e o resto que se vire". É assim que essas pessoas geralmente pensam e agem.

Não precisa ser adivinho o psicólogo para descobrir isso. Basta observar como esses "sou técnico" vivem e com quem vivem; de quem e do que gostam e como agem dentro e fora de casa ou deus seus grupos. Quase nunca defendem nada, além dos próprios interesses.

Essas pessoas não são boazinhas e ingênuas como sempre tentam se mostrar. Pelo contrário. Fazem tudo calculado e medido. "Por trás dos panos" (como se diz), nos locais onde vivem, na família entre os "amigos" sempre defende um partido ou um político ou uma ideologia. Mas em público se tornam "só técnico".

Se dizer "sou técnico", como virou moda na maioria das repartições públicas e empresas privadas do Brasil, é mera fuga, por medo de assumir uma postura, uma opinião, uma bandeira de luta. Esses tipos, no fundo, no fundo, fazem tudo que for preciso para manter a reserva de mercado e de espaço com medo da concorrência.

Por trás desses tipos existe sempre o apoio em grupos ou instituições politicas, sociais e ideológicas (um time, um clube, uma religião, igreja, uma "causa", um partido, sindicato, uma associação de classe. Esse negócio de "sou neutro, sou isento e "apolítico" não existe. É mentira. Sérgio Moro está aí pra provar o que estou afirmando.

Mentira, cobiça, hipocrisia, falsidade; o submundo do "dedo-duro", o "por baixo do pano", o silêncio dos covardes, o "faça o que eu digo, mas não faça o que faço" e o mal caratismo estão sempre no radar dessas pessoas "neutras". Isso foi ensinamentos e normas impostas pelos colonizadores como forma de facilitar a dominação.

E todas essas aberrações da humanidade foram absorvidas durante a formação inicial da sociedade brasileira. Virou "cultural" para a aristocrática retrógrada, hipócrita, escravagista, exploradora, subserviente e com complexo de vira lata. E hoje elas estão em todas as vitrines da sociedade brasileira, principalmente nas dos "neutros" de verde amarelo.

É bom lembrar que todas essas demonstrações de ignorância foram herdadas e permanecem firmes e sempre apareceram e aparecem, principalmente em épocas de instabilidade e bestialidade. Basta ter uma chance, mesmo que pequena, elas volta à superfície, especialmente entre os alquimistas sociais.

Atualmente essas anomalias então em primeiríssima moda. Alguns desses tipos, que adoram ostentar a ignorância, afrontam a lei e aparecem em restaurantes com coisas do tipo braçadeira com a suástica, o maior e mais repugnável símbolo do Nazismo. Ocorreram pelo menos dois casos desses recentemente.

Essas aparições nos leva a perguntas como: será que só existem os dois que surgiram recentemente em restaurantes? É normal viver livre e em sociedade um sujeito que tem o prazer de carregar o símbolo de um regime que matou ao menos seis milhões de pessoas de fome, maus tratos e queimadas? Não.

Da mesma forma que não considero em perfeita saúde mental pessoa religiosas, cristã ferrenha, defender o uso de armas para matar seres humanos, sejam criminosos ou não. Isso é paradoxal.

Também não posso ter como séria uma pessoa que usa a Bíblia, o livro sagrado dos católicos, ou o Alcorão, o livro sagrado do Islã, para enganar a boa fé e "tomar" dinheiro dos pobres para enriquecer "líderes" religiosos ou até mesmo para patrocinar crimes e fomentar a guerra, mortes e preconceitos.

Será mesmo normal usar o "poder da caneta azul" ou mesmo o "poder de polícia do Estado" para subjulgar, humilhar e ostentar sobre uma nação e seu povo? Isso ocorre neste momento no Brasil. Só não enxerga quem não quer ou concorda com a escravidão e exploração do homem pelo homem.

E não venham me dizer: "Ah, mas isso foi sempre assim desde que o mundo é mundo!". Pode ser. Mas só é exatamente por essa "aceitação natural" e esse conformismo complacente, que vem desde a nossa colonização e foi adotada como verdade absoluta e "vontade de Deus" pelos seguidores daqueles seres abomináveis.

É assim também pela covardia, pela falta de solidariedade e porque esta agressão dos hipócritas e falsos moralistas sempre foi  pouco questionada pelo "pacato", "acolhedor", "pacífico", "simpático" e "alegre" povo brasileiro. 

Detesto ser um "cidadão pacato"!!!

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Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.

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