
A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) enfrenta uma grave crise de ausência de deputados nesse início de 2025, com parlamentares faltando sistematicamente às sessões e continuando a receber seus salários integrais, sem qualquer desconto. Desde a abertura do ano legislativo, em 3 de fevereiro, quando houve quórum completo, a média de comparecimento não ultrapassa 50%. Dos 30 deputados estaduais, apenas uma média de 15 têm comparecido regularmente ao plenário, enquanto os demais priorizam atividades particulares, como consultórios, virgens e fazendas.
Entre os parlamentares mais faltosos estão Georgiano Neto (PSD), Bárbara do Firmino (PP), João Mádison (MDB) e Henrique Pires (MDB). A maioria sequer justifica suas ausências, mesmo recebendo salários de R$ 34,7 mil mensais, além de benefícios como auxílios moradia, transporte e verbas de gabinete. Enquanto isso, o cidadão paga a conta: o custo mensal dos salários dos deputados ultrapassa R$ 1 milhão, valor suficiente para pagar mais de 22 trabalhadores que ganham um salário mínimo (R$ 1.518).
Alguns deputados alegam que as obras nos gabinetes impedem sua presença, mas o plenário e outras áreas da Alepi estão em pleno funcionamento. A justificativa não convence especialistas e cidadãos, que veem na ausência dos parlamentares uma falta de compromisso com o trabalho legislativo.
O presidente da Assembleia, Severo Eulálio, tem tentado reverter o cenário com convocações, mas seus esforços não surtiram efeito. O plenário segue vazio, e o trabalho legislativo está praticamente paralisado, enquanto a população espera por soluções para problemas urgentes, como saúde, educação e infraestrutura.
A ausência de deputados ao trabalho tem incomodado o presidente da Alepi, Severo Eulálio (foto acima)
Reincidência
A falta de deputados ao trabalho é reincidente e costumeira porque a população não cobrar efetivamente que eles cumpram suas obrigações. Em 2024, a média de comparecimento na Alepi foi de 65%, superior aos atuais 50%.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Piauí está entre os três estados com menor presença de deputados em sessões. O estado é o campeão nesse quesito. Enquanto no Piauí apenas 15 deputados comparecem ao trabalho, no Ceará essa média é de 22 deputados por sessão e no Maranhão é de apenas 20.
Faltômetro e punição
Especialistas e cidadãos defendem que deputados faltosos sejam punidos com descontos salariais. Afinal, os salários dos parlamentares são custeados pelos contribuintes, e a falta de punição para os "gazeteiros" reforça a percepção de impunidade na política.
A crise dos gazeteiros da Alepi reflete um problema maior: a desconexão entre os representantes eleitos e a população que os sustenta. Enquanto deputados priorizam interesses pessoais, o Piauí aguarda por ações concretas para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.
O portal Piauí Hoje.Com vai manter um "faltômetro" para ajudar a população do estado a saber quem são os deputados que trabalham e honram os votos que receberam e os que o povo deve descartar porque não comparecem ao trabalho.
O plenário da Alepi tem ficado sempre assim: vazio
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