As urnas confirmaram. Além de Bolsonaro, o grande derrotado nas eleições deste ano foi o ministro da Casa Civil de Bolsonaro,Ciro Nogueira, agora conhecido como TIC TACA. Ele já tinha virado piada nacional nas redes sociais depois da derrota acachapante que ele e seus candidatos sofreram no Piauí no primeiro turno.
O povo derrotou o bolsonarismo e Ciro Nogueira deixou claro que não sabe conduzir um processo eleitoral mais complexos. Sempre precisou de um tutor. Se elegeu deputado federal pelo caminho aberto pelo pai, o saudoso deputado do qual herdou até o nome. E mesmo gastando muito dinheiro, só se elegeu porque teve ajuda decisiva do petista Wellington Dias, senador eleito contra o candidato do ministro.
Em setembro deste ano, num áudio de uma conversa com um interlocutor identificado como Júlio, Ciro disse que queria ver a cara de desespero e de derrota de três pessoas depois da eleição: do professor Batista Teles, dono do instituto Amostragem, do senador Marcelo Castro e do ex-governador Wellington Dias.
Falava com como se tivesse vencido o jogo antes da partida terminar. Ciro dizia que Batista e seu instituto seriam desmoralizados pelo resultado das urnas. Não foi o que ocorreu. O Amostragem praticamente cravou o resultado confirmados nas urnas com a vitória de Rafael Fonteles, Wellington Dias e a esmagadora maioria de votos dados a Lula.
Com o senador Marcelo Castro não foi diferente. Elegeu o filho Castro Neto deputado federal com uma votação expressiva. Com o Índio ocorreu o mesmo. Além de se eleger, liderou um time que conseguiu oito das 10 vagas na Câmara Federal e 24 das 30 cadeiras na Assembleia Legislativa.
Ciro Nogueira não teve o prazer de olhar para as caras dos adversários derrotados. Foi o contrário. Ele foi o maior derrotado. Perdeu para o governo estado com Sílvio Mendes, perdeu para o Senado, com Joel Rodrigues, e foi pra lona com a derrota do presidente Jair Bolsonaro.
Ou seja, Ciro e seu grupo foram humilhados nas urnas. A surra foi grande. Esse Wellington Dias, também chamado de Índio, é malvado com os adversários. Desmoralizou Ciro nas urnas. Mostrou quem é líder e quem realmente tem força política e prestígio popular no Piauí. O ministro precisa se cuidar para não ser alcançado pela "Maldição do Índio".
Como se diz no jargão político, Wellington Dias, o "Índio" é bom de voto e sabe o que faz. Desde que entrou na política já se elegeu vereador de Teresina, deputado estadual e deputado federal. Também foi eleito quatro vezes governador do estado, no primeiro turno.
Agora, em 2022, mesmo com todo dinheiro bolsonarista do orçamento secreto derramado no Piauí nas véspera da eleição, Wellington liderou o time que elegeu no primeiro turno Rafael Fonteles, o candidato que ele indicou para o governo. De quebra, se elegeu senador pela segunda vez.
Com seu jeito conciliador e cortez, Dias também elegeu seu sucessor Wilson Martins, liderou todas as campanhas de 2002 até agora e foi responsável direto pelas eleições dos candidatos a senador que fizeram aliança com o grupo dele: João Vicente Claudino, Elmano Ferrer, Marcelo Castro e o próprio Ciro Nogueira.
Maldição do índio
Todos os políticos eleitos com a ajuda de Wellington Dias e que o traíram vem recebendo uma tal de "Maldição do Índio". Todos foram derrotados em eleições seguintes que disputaram. Ciro poderá ser o próximo a experimentar essa maldição, porque 2026 está logo ai.