Aos 17 anos, Mayanna Magalhães começou uma jornada empreendedora na área da saúde com um sonho: ajudar pessoas a desenvolverem habilidades de comunicação. Hoje, como fonoaudióloga, ela é pioneira no Piauí no uso do Método Padovan e tem sido uma referência no tratamento de atrasos de fala, transtornos do neurodesenvolvimento e outras condições que afetam a comunicação.
Mayanna foi entrevistada pelo Podcast Piauí Hoje e informou que, no Piauí, os atrasos de fala e a ausência de fala têm aumentado significativamente, sendo os problemas mais comuns observados nos consultórios. Enquanto algumas crianças conseguem se comunicar por gestos, mesmo sem falar, outras falam, mas enfrentam dificuldades para se expressar de forma funcional. "Esses dois cenários caminham juntos, mas o maior índice é de problemas na fala, algo que tem gerado mais atenção por parte dos pais", explica Mayanna.
A conscientização tem crescido graças às redes sociais e ao trabalho de profissionais que divulgam orientações para famílias. Contudo, ainda existem desafios, como a demora de alguns pais em buscar ajuda precoce. "Muitos pediatras recomendam esperar até dois anos para avaliar o desenvolvimento da fala, mas não é o ideal. Aos 12 meses, a criança já deve começar a emitir palavras como 'mamãe' e 'papai'. Se isso não ocorre, é hora de procurar um fonoaudiólogo", alerta a profissional.
A intervenção precoce é um diferencial. Quanto mais cedo o acompanhamento, mais rápido o progresso e menor o tempo necessário em terapia. "Pais atentos fazem toda a diferença. É uma questão de entender as etapas de desenvolvimento e agir rapidamente", orienta Mayanna.
A importância do método Padovan no tratamento
O Método Padovan, criado pela brasileira Beatriz Padovan, promove uma reorganização neurofuncional, trabalhando movimentos motores primitivos para reestruturar funções como andar, falar e pensar. "Para falar, a criança precisa passar por etapas anteriores como engatinhar, balbuciar e rolar. O método reconstrói essas fases, mesmo em adultos, proporcionando avanços significativos", detalha Mayanna.
O método também aborda outras funções como respiração, sucção, mastigação e deglutição, fundamentais tanto para comer quanto para falar. "Uma criança que não mastiga bem terá dificuldade em articular sons. Trabalhamos para sincronizar essas funções e potencializar a comunicação", explica.
Apesar da crescente demanda por atendimento desses transtornos, Mayanna destaca a falta desse serviço no sistema público. "Muitos profissionais evitam atuar na rede pública devido à baixa remuneração e condições inadequadas de trabalho. Isso limita o acesso de quem mais precisa", aponta, ressaltando que a falta de apoio à fala e à comunicação impactam diretamente a aprendizagem.
Assista a entrevista com Mayanna Magalhães: