Um dispositivo apelidado de “viagra eletrônico” mostrou resultados muito promissores em seus testes iniciais, revertendo a disfunção erétil de 90% dos pacientes, especialmente após episódios de lesão na medula ou de cirurgias pélvicas. Nestes casos, os homens perdem ereções naturais pela falta de sensibilidade abaixo da cintura e comprimidos como o célebre viagra não funcionam nesse cenário.
O dispositivo brasileiro em testes desde 2023 propõe estimular o fluxo sanguíneo para o pênis através de estímulos elétricos, uma proposta mais semelhante ao processo de ereção natural. A proposta é bem diferente dos tratamentos atuais, que recorrem a implantes que mantêm uma rigidez artificial permanente, com suportes internos colocados em cirurgia e que levavam a praticamente nenhuma sensibilidade sexual.
O novo método envolve a implantação de um dispositivo neuroestimulador sob a pele, na parte inferior do abdômen. Fios o conectam à região próxima à próstata e ao osso púbico e a partir de um controle remoto é possível ligar os estímulos elétricos e ajustá-los ao organismo de cada paciente.
O nome oficial do dispositivo é CaverSTIM. A primeira cirurgia para implantá-lo ocorreu em outubro de 2023 e 10 pacientes, todos com até 34 anos, já passaram pela cirurgia desde então, a grande maioria com bons resultados de ereção no acompanhamento clínico regular.
O dispositivo funciona parecida com um marcapasso, devido aos seus eletrodos e a implantação por baixo da pele
Relatos indicaram avanço também em outras funções do organismo graças aos estímulos que fortaleceram a região neural e a sensibilidade da região. Mesmo com o neuromodulador desligado, houve aumento de sensibilidade peniana após cirurgia.
“Os pacientes seguem em acompanhamento, mas os resultados primários são muito bons. É surpreendente a melhora também em funções urológicas e evacuatórias dos homens que participaram do testes”, destaca o urologista Sidney Garcia, um dos coordenadores do estudo que está ocorrendo no Hospital Mário Covas, em Santo André (SP).
Marcapasso pélvico?
Apesar do apelido de viagra eletrônico, o dispositivo na prática funciona de forma muito mais parecida com um marcapasso, graças a seus eletrodos e a implantação por baixo da pele. Nove dos 10 pacientes recuperou a potência e a sensibilidade cerca de dois meses após procedimento e sem precisar de medicamentos ou de injeções.
Ao final do período, alguns pacientes não precisaram de estímulos do aparelho para voltarem a ter ereções naturais graças ao recondicionamento das vias nervosas. Com isso, o sistema passou a ter dois usos clínicos, tanto temporário como permanente, para pessoas com lesão medular, quando vias nervosas permanecem interrompidas.
Fonte: Metrópoles
Mais conteúdo sobre: