Saúde

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Após perder bebê no parto, mulher diz que médica perfurou pescoço da filha com unha de gel

Liliane Ribeiro denunciou uma série de violências obstétricas durante sua passagem por maternidade na Bahia

Da Redação

Sexta - 08/11/2024 às 09:27



Foto: Reprodução/TV Bahia Liliane Ribeiro denuncia maus-tratos e abandono pela equipe
Liliane Ribeiro denuncia maus-tratos e abandono pela equipe

Após perder a filha no parto, Liliane Ribeiro detalhou as violências sofridas por ela durante sua passagem pela maternidade estadual Albert Sabin, em Salvador, na Bahia. O caso aconteceu no fim de outubro, no dia 31, e está sendo investigado pela Polícia Civil.

Liliane Ribeiro denunciou maus-tratos, afirmou ter sido destratada pela equipe, e disse ter sido obrigada a passar por um parto normal, mesmo com recomendação de cesárea. Além disso, o pescoço da criança teria sido perfurado pela unha de gel da médica responsável pelo parto durante o procedimento.

As informações são da TV Bahia. Em entrevista, a mulher contou que fez o pré-natal em duas unidades diferentes, uma pública e outra privada, para que a filha Anabelly tivesse o melhor acompanhamento possível. Segundo a mãe, a bebê estava saudável e não apresentava nenhum motivo de preocupação. A única recomendação que recebeu foi que o parto mais seguro seria a cesárea, pois a bebê era muito grande.

A bolsa rompeu na quarta-feira (30) e ela deu entrada na maternidade Albert Sabin. A bebê estava com 31 semanas de vida. Mesmo com a bolsa rompida e com o líquido escorrendo pela perna, a mãe conta que esperou 40 minutos para ser atendida.

"A médica que fez meu pré-natal disse que quando chegasse lá, eu deveria ter cuidado em como falar, não gritar, porque os funcionários da maternidade destratam as pessoas que reclamam", disse.

A mulher dormiu na maternidade e só teve mais informações sobre o estado de saúde dela e da filha no dia seguinte. Ela foi medicada para ter contrações e induzir o parto; sua única opção seria o parto normal, independente da orientação da médica que a acompanhou durante a gestação.

Na sala de parto, Liliane contou que a equipe a mandou fazer força, pois ela seria "rasgada até o talo". Em determinado momento, o funcionário também pediu que ela "parasse de presepada". Quando a cabeça da criança saiu, a médica precisou fazer uma manobra para retirá-la.

Segundo ela, a médica responsável pelo parto estava com a luva rasgada e, logo após retirar a criança, a entregou para outros profissionais e saiu correndo da sala. A mãe afirma pescoço do bebê teria sido perfurado pela unha da médica. Logo depois, a menina passou por uma massagem cardíaca e o óbito foi constatado. O hospital disse para a família que a criança nasceu morta.

"Como minha filha saiu de mim morta se antes de entrar na sala de parto ela estava viva? Se eu senti ela mexer?", questiona.

Liliane e o marido registraram um boletim de ocorrência na delegacia e pediram que a bebê fosse levada para o Instituto Médico Legal (IML) para passar por uma necropsia. A investigação deverá ser concluída em 30 dias.

Em nota, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) disse que vai apurar com transparência as circunstâncias do óbito do bebê. Depois, em nova nota, a secretaria defendeu a atuação de seus profissionais. Confira as notas:

Nota 1

"A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) manifesta profunda consternação diante do incidente ocorrido na maternidade Albert Sabin. Reiteramos que nossa prioridade é a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, incluindo pacientes, familiares e profissionais de saúde.

Esclarecemos que, após a ocorrência de um desfecho infeliz durante o procedimento obstétrico, todas as medidas de apoio e acolhimento à família foram imediatamente tomadas, em respeito à dor enfrentada neste momento delicado.

Ressaltamos ainda que uma sindicância será rigorosamente conduzida para apurar com transparência as circunstâncias do óbito, respeitando os direitos dos envolvidos e mantendo o compromisso com a ética e a excelência no atendimento.

Além disso, é inadmissível que qualquer profissional da área seja submetido a atos de violência enquanto cumpre seu dever de cuidado e assistência, e reforçamos que esse tipo de conduta jamais será tolerado em nossas unidades. Nossas equipes de saúde seguem empenhadas em oferecer o melhor cuidado possível, reafirmando a importância do diálogo e do respeito mútuo para enfrentarmos com solidariedade situações tão difíceis."

Nota 2

"Todos os profissionais da Maternidade Albert Sabin são orientados a dar um tratamento digno a todos as pacientes. As condutas devem ser pautadas por um bom acolhimento e melhor assistência.

A Secretaria da Saúde do Estado tem investido constantemente em todas as unidades para qualificar os espaços. A Maternidade Albert Sabin passou por diversas reformas. Na última foi ampliada e ganhou um centro de parto normal UTI infantil."

Fonte: Com informações do G1

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