A bancária aposentada e vice-governadora do Estado, Maria Regina Sousa, de 71 anos, assume, em definitivo, o cargo de governadora do Piauí nesta quinta-feira (31), às 9h30min, em solenidade na Assembleia Legislativa A transmissão do cargo está marcada para as 10h30min, no Salão Nobre do Palácio de Karnak.
Filiada e uma das fundadoras do PT no Piauí, Regina vai ocupar o cargo porque o governador Wellington Dias, de 60 anos, está renunciando ao mandato para disputar, pela segunda vez, uma vaga no Senado, onde esteve de 2010 a 2014, por ter sido eleito após cumprir seu segundo mandato consecutivo como chefe do Executivo piauiense.
Natural da cidade de União, Regina Sousa é a primeira mulher a assumir em definitivo o cargo de governadora do Piauí. Ela também foi a primeira piauiense a assumir mandato no Senado, onde ficou de 2014 a 2018, quando foi eleita vice-governadora na chapa liderada por Wellington Dias.
Nascida numa família de 14 irmãos, Maria Regina Sousa, é filha do trabalhador rural Raimundo Sousa Miranda, já falecido, e da dona de casa Maria da Conceição Silva Miranda.
A nova governadora tem como meta trazer para a centralidade da pauta do governo a temática dos Direitos Humanos e Meio Ambiente, assim como fez enquanto senadora, quando presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
Por ter passado a infância na pobreza, Regina Sousa começou a trabalhar muito cedo. Aos 10 anos já sabia plantar e colher feijão, milho e fava. Também aprendeu a quebrar coco, ofício que ajudava os pais nas despesas da casa.
E foi observando o que acontecia com seus pais, que moravam em terra alheia, ainda menina ela compreendeu a necessidade da reforma agrária, expressão que aprendeu com um tio militante das Ligas Camponesas e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União.
Formação e Trabalho
Já fora do serviço na roça, Regina Sousa começou a trabalhar profissionalmente aos 15 anos, na biblioteca da União Caixeiral, colégio de classe média, em Parnaíba, onde estudou ppr um tempo. Ela abria a biblioteca pela manhã e fechava à noite.
Foi naquela biblioteca onde ela leu muito e desenvolveu mais ainda o gosto pela leitura. Na mesma época, Regina também dava aula para alunos de escolas particulares da cidade.
Ainda em Parnaíba e já formada professora pela Escola Normal Francisco Correia, deu aula na Escola Particular Dom Bosco e na Escola Eunice Weaner, da rede estadual, que era chamada “Preventório”, porque lá só estudavam filhos de pessoas com hanseníase.
Regina conta que de vez em quando uma criança desenvolvia a doença e era afastada da escola, ia para o "leprosário" e aquilo lhe causava muita tristeza.
Em 1973, surpreendeu a família, fez vestibular para Letras, que só podia ser cursado em Teresina. Parnaíba só tinha o curso de Administração. Aprovada, começou a maratona de busca de emprego para viabilizar viver em Teresina.
Na capital, procurou o Educandário Santa Maria Goretti, de propriedade das irmãs Teresinha e Tércia Leal, que conhecia de Parnaíba, e foi admitida como auxiliar na correção do “dever de casa” dos alunos. Lá ela ficou até 1978.
Antes porém, em 1974, foi aprovada no concurso do Estado, passando a trabalhar como professora. De manhã ia para a escola particular e à tarde para a escola estadual Cecem Oliveira.
Em 1976, já formada em Letras, fez outro concurso no Estado para dar aula no “ginasial”, sendo lotada no Colégio Eurípedes Aguiar. També deu aula no Centro de Cultura Francesa, de 1975 a 1978, na UFPI.
Em 1982 fez dois concursos, ao mesmo tempo: um para o INSS e o outro para o Banco do Brasil. Foi aprovada nos dois e optou pelo Banco, onde ingressou em 1983. Era o emprego dos sonhos das famílias brasileiras, à época.
Já bancária, Regina Sousa fez concurso para professora efetiva de Português da Universidade Federal do Piauí. Foi aprovada, mas quando foi convocada a assumir a docência, renunciou à vaga e permaneceu no Banco do Brasil. Por causa do engajamento político no sindicato, não havia como dar conta de ensinar Fonética e Fonologia, disciplinas que demandariam muito estudo e dedicação.
Militância política
A militância política começou no movimento estudante e sindical. Foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores - PT, e da Central Única dos Trabalhadores - CUT, no Piauí, da qual já foi presidente estadual e membro da direção nacional.
Formada em Letras e com habilitação nas línguas portuguesa e francesa pela Universidade Federal do Piauí, deu início ao seu processo de consciência politica em plena ditadura militar, atuando nos movimentos sociais.
Sempre ao lado de Wellington Dias, foi vice-presidente e depois presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí. Foi também presidente do PT no Piauí por seis mandatos alternados.
A nova governadora do Piauí coordenou as campanhas vitoriosas de Lula e Wellington Dias em 2002 e assumiu o cargo de secretária de Administração do Estado nos dois primeiros mandatos do governador Wellington Dias.
Atuação no Senado
Ela era a primeira suplente de senadora da chapa de Wellington Dias. Em 2014, quando ele elegeu-se pela terceira vez governador do Piauí, Regina ocupou a vaga no Senado, onde chamou a atenção pela atuação em defesa dos direitos trabalhistas, das terras indígenas e quilombolas; esteve na luta contra violência contra a mulher e a população LGBT; em defesa da Previdência Social e no combate ao racismo e outros preconceitos.
Regina Sousa também é autora de vários projetos tramitando no Senado, entre eles o que garante mais proteção social a crianças com pai ou mãe encarcerados, o que permite acervo de livros paradidáticos e de literatura infantil em salas de aula da educação infantil e dos cinco primeiros anos do ensino fundamental e o que garante transporte para mães e filhos recém-nascidos entre o local do parto e a residência, e da residência ao serviço de saúde para complementação de exames.
Na sua luta política também defende o empoderamento das mulheres como fundamental para a mudança política no país. Outra preocupação de Regina Sousa é dá atenção especial às chamadas "populações invisíveis", como as populações em situação de rua, "porque as pessoas só que querem ter seus direitos garantidos e serem vistos como cidadãos e cidadãs", diz a governadora.