
Uma comitiva de senadores aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro vai aos Estados Unidos nesta semana, com recursos do Congresso Nacional, para visitar brasileiras presas sob a acusação de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A missão foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado a partir de um requerimento apresentado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que nega a participação das detidas nos ataques aos prédios dos Três Poderes e diz que elas são alvo de “perseguição política”.
“Não há qualquer indício de que elas invadiram ou depredaram prédios públicos”, afirmou Girão. Segundo o senador, a diligência busca avaliar as condições carcerárias e apurar possíveis violações de direitos humanos cometidas contra as brasileiras.
“A diligência proporcionará uma avaliação direta da situação e ajudará a promover a responsabilização de todos os envolvidos nesses atos arbitrários”, disse.
Ao todo, quatro mulheres são citadas no pedido. Três delas, Rosana Maciel Gomes, de Goiânia; Raquel Souza Lopes, de Joinville (SC); e Michely Paiva Alves, de Limeira (SP), estão detidas desde 21 de janeiro em um presídio em El Paso, no Texas, após tentarem entrar nos EUA e solicitarem asilo político. O grupo chegou ao país um dia depois da “posse simbólica” de Donald Trump, realizada por apoiadores do ex-presidente norte-americano, com apoio de bolsonaristas.
Segundo o requerimento, Rosana foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 14 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e depredação do patrimônio público. Raquel recebeu pena de 17 anos. Já Michely ainda responde a processo e é ré por cinco acusações semelhantes.
A quarta mulher mencionada, Cristiane da Silva, de Balneário Camboriú (SC), foi deportada ao Brasil. Ela foi condenada a um ano de prisão por associação criminosa e incitação ao crime. Diferente das outras, já cumpre pena no país.
O custo da missão não foi divulgado oficialmente, mas o uso de dinheiro público para a viagem tem gerado críticas de parlamentares e entidades da sociedade civil, que apontam motivação política e alinhamento ideológico com os atos antidemocráticos.
A iniciativa, classificada como “absurda” por integrantes de outras comissões do Congresso ouvidos reservadamente, ocorre em meio ao aumento da pressão por responsabilidade de autoridades que incentivaram ou minimizaram os ataques de 8 de janeiro. Em sua defesa, Girão insiste que as mulheres presas não participaram de ações violentas e apenas buscaram abrigo durante os confrontos em Brasília.
“Elas são vítimas”, disse o senador. “A missão reforça o compromisso do Senado com os direitos humanos”.