A Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) alcançou um marco importante no combate aos efeitos da seca e na promoção da segurança hídrica no semiárido piauiense. Por meio do Programa Cisternas, executado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), já foram construídos mais de 1.000 reservatórios até novembro de 2025.
A ação beneficia prioritariamente famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico, em especial aquelas chefiadas por mulheres, e comunidades quilombolas e indígenas, ampliando o acesso à água potável e reforçando a autonomia no uso dos recursos naturais.
O superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar da SAF, Clébio Coutinho, destaca que o trabalho segue avançando e que a expectativa é ampliar ainda mais o número de cisternas construídas. “A SAF está construindo 4.769 cisternas em cinco territórios, beneficiando 34 municípios, com investimento de R$ 41 milhões em parceria com o MDS. Já concluímos mais de 1.000 cisternas e a meta para este ano é alcançar 1.400″, relata.
Acesso à água transforma vidas
Entre as pessoas atendidas está a agricultora Marciana Maria Garcia, da comunidade quilombola Canabrava, no município de Paquetá. Ela relembra as dificuldades enfrentadas antes da chegada da cisterna.
Marciana Maria e sua família foram beneficiadas com o programa
“A gente ia às três horas da manhã para conseguir água e, às vezes, quando chegávamos lá, a cacimba já estava seca porque outras pessoas tinham chegado antes. Sempre tivemos esse problema, e muita gente aqui tem problema nos rins; o médico dizia que era por causa da água, que era muito salgada”, relatou.
Mãe de quatro filhas, Marciana conta que a cisterna trouxe alívio e dignidade para sua família. “Agora melhorou, porque tem água no terreiro de casa. Nós temos a água da chuva, e pedimos a Deus um inverno bom para termos água o ano inteiro”, disse.
Seleção das famílias
A construção das cisternas começa com a seleção dos beneficiários. Em cada município, é formada uma comissão municipal, composta por representantes do poder público e da sociedade civil, responsável por avaliar os cadastros. A execução é feita por entidades com experiência no trabalho com agricultura familiar e no diálogo com associações e sindicatos rurais.
Uma dessas instituições é a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Piauí (Fetag-PI). O coordenador da entidade, Antônio de Sousa, ressalta o impacto social do programa.
“A Fetag já tem uma boa relação com as famílias do semiárido, principalmente pela atuação junto aos sindicatos rurais. O Programa Cisternas trouxe mais esperança, acesso à água de qualidade para quem não tinha esse direito garantido. Com essa parceria, fortalecemos o trabalho com sindicatos, prefeituras e comunidades locais”, destacou.
Após a instalação, as famílias participam de capacitações em Gestão de Recursos Hídricos (GRH), aprendendo técnicas de manutenção das cisternas, tratamento da água, prevenção de desperdícios, entre outras orientações essenciais para preservar a qualidade do recurso armazenado.
Fonte: SAF