Brasília (DF) - A Polícia Federal (PF) identificou os militares da ativa que redigiram uma carta às Forças Armadas para tentar coagir a cúpula militar a aderir ao golpe de Estado, elaborado e colocado em curso pelo grupo criminoso constituído pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados durante seu então governo.
Segundo informações do Folha de S.Paulo, que teve acesso ao relatório da PF, a carta golpista foi escrita pelos coronéis do Exército, Giovani Pasani e Alexandre Castilho Bitencourt da Silva. O documento buscava pressionar o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, a participar da tentativa de golpe, assim como incentivar seus subordinados a aderirem a trama golpista.
A PF realizou a identificação dos autores através da análise do computador e das contas do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que recebeu o documento na noite de 28 de novembro de 2022.
Pasiani chegou a se a concorrer, sem sucesso, à posição de deputado estadual no Rio Grande do Sul pelo Patriota, em 2022. Após a campanha, ele voltou ao Exército e, em seguida, entrou para a reserva.
Em suas redes sociais, Pasiani, como outros aliados do ex-presidente, também chegou a compartilhar materiais de influenciadores bolsonaristas e notícias falsas sobre o sistema eleitoral, além de atacar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bitencourt segue no Exército, em fevereiro de 2023, foi homenageado com o passador de ouro, medalha entregue aos oficiais que completam 30 anos de bons serviços prestados ao Exército Brasileiro.
Carta golpista
Na "carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército", o grupo buscava incitar militares que não haviam aderido à tentativa de golpe, que pretendia manter Bolsonaro na presidência da República após a determinação do Estado de Sítio.
"É natural e justificável que o povo brasileiro esteja se sentindo indefeso, intimidado, de mãos atadas e busque nas FFAA [Forças Armadas], os ‘reais guardiões’ de nossa Constituição, o amparo para suas preocupações e solução para suas angústias", diz um trecho do documento.
O texto de Pasiani e Bitencourt ainda afirmava ser importante que os Poderes agissem em prol da da “pacificação política, econômica e social”, para a “manutenção da Garantia da Lei e da Ordem e da preservação dos poderes constitucionais”. A carta ainda diz que os militares estão "sempre prontos para cumprir suas missões constitucionais" e que os soldados " colocam os objetivos nacionais sempre em primeiro plano, desprezando quaisquer interesses pessoais".
"Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um Soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão", diz o texto, na tentativa desesperada de coagir os militares ao golpe.
Fonte: Revista Fórum